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Alcoólico em paz

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Sintonizando com outras pessoas: um passo para uma base segura na recuperação

28 quarta-feira dez 2016

Posted by Alcoólico em paz in AA, Cotidiano, Experiências pessoais, Recuperação

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Acredito ser necessário nós alcoólicos e adictos em recuperação refletirmos sobre dois aspectos da nossa reeducação pessoal: a aprendizagem social e emocional e a vivência com outras pessoas (não necessariamente outros alcoólicos/adictos). Olhando bem para nossas vidas na fase ativa de nossa doença percebemos que a ausência total de autodomínio nos empurrava a atitudes desprovidas de qualquer resiliência. E quase sempre isso resultava na falta de objetivos concretos ou sinceros e de persistência para qualquer outra atitude próspera. Estivemos cansados, entregues, melancólicos. Reclamávamos de todos os reveses. Éramos as pessoas mais injustiçadas desse mundo (e acaso do outro). Era o reinado absoluto da autopiedade.

Entendo que, se acaso resolvermos reverter o giro dessa roda destrutiva de modo a adquirirmos um mínimo de condições de convivência social (e até conosco mesmos), devemos focar no trabalho de uma habilidade chamada empatia. Ou seja, procurar saber o que os outros sentem e pensam, tentar compreender seus pontos de vista, suas crenças e seus desejos. Apenas essa compreensão sincera pode ser capaz de nos tornar pessoas sensatas ou então, diria, menos intragáveis. Nem penso em solicitar aqui atitudes de cooperação ou trabalho em equipe. Ajudaria bastante se ao menos nos tornássemos pessoas mais mansas e compreensivas. E engana-se quem acha que tal ajuda é para os outros. Tal estado de espírito e consciência ajuda, essencialmente, a nós mesmos.

Há algum tempo, existem pesquisas sobre um aspecto da psicologia e psiquiatria chamado de neurociência social. Envolvido nisso, há um estudo sobre “neurônios-espelho”, espécie de células cerebrais que são estimuladas com base no que percebemos em outras pessoas. É como se tivéssemos um “cérebro social” (no nosso caso bem involuído) que, se devidamente (re)ativado, nos permite compreender mais claramente as situações nas quais estamos envolvidos, as pessoas com as quais estamos interagindo e nos deixar mais tranquilos para tomadas de decisões. Afinal, se formos bem sinceros, sabemos que mais da metade (ou muito mais do que isso) dos problemas que nos envolvemos poderiam ter sido evitados caso tivéssemos habilidade social para escolher palavras, gestos ou atitudes. Livres de perturbações, passaremos mais tempo determinando objetivos lúcidos, aumentando nossa autoestima e melhorando cada vez mais nossa capacidade empática. E então teremos a inversão no sentido da roda: paramos de patinar ou andar para trás.

E assim passamos a um rumo mais fluido em nossa recuperação, pois passamos a cultivar a compaixão. Sim, começamos a ir além a compreensão dos sentimentos dos outros. Passamos a demonstrar preocupação e estarmos prontos para ajudar, conforme nos solicita o 12º Passo de Alcoólicos Anônimos. Tendo experimentado o despertar, passamos voluntaria e legitimamente a ajudar aqueles que ainda sofrem (ou sofrem mais do que nós). E falar nisso nos tempos atuais, quando temos quase sempre dezenas de questões que parecem sempre mais importantes ou mais urgentes para resolver, quando recebemos centenas de informações, e-mails, mensagens, telefonemas… ou mesmo quando achamos que precisamos de mais tempo para cuidar da nossa própria recuperação, pode quase parecer um desatino. Mas não podemos esquecer que nossa recuperação também depende disso. Dessa entrega ao outro. E de uma coisa estou certo: compaixão é um sentimento que pode ser aprendido. Ele começa com o desejo sincero de desenvolver a empatia. Mais do que isso, passa também pelo sentimento da necessidade de agir, a despeito da virtuosidade ética.

Resumindo, acredito que a empatia pode ser dividida em três níveis. O primeiro é mais relativo à percepção, ou seja, compreendemos como as outras pessoas veem o mundo e por que se posicionam de tais formas diante das situações. O segundo é mais emocional. Conseguimos perceber quase que instantaneamente como os outros se sentem, como se também pudéssemos sentir suas emoções. Já o terceiro nível, acredito que mais difícil para pessoas “normais” e mais fácil para alcoólicos e adictos, é o que podemos chamar de preocupação empática. Se dá quando estamos sintonizados com o outro e prontos para ajudar.

Tudo muito lindo. Mas uma coisa é dizer, outra é fazer. Deixar de lado nossos principais defeitos de caráter, o orgulho e o egoísmo, é tarefa para a vida. Para nós, conviver com outras pessoas com zelo caridoso e genuíno é quase um deboche. Mas acredito ser esse o caminho para construirmos uma base segura para a nossa recuperação. Precisamos urgentemente saber conviver com os outros, cada vez melhor. É imperioso que tenhamos atitudes sensatas e generosas. Com essa base segura podemos ter a mente funcionando em um nível agradável e firme, sem oscilações; conseguimos assumir riscos inteligentes e crescer na vida. Nossa criatividade passa a ser utilizada para o nosso bem e o de outras pessoas. Voltamos a sentir entusiasmo com nossos projetos e a confiar e receber confiança daqueles com os quais convivemos. Isso tudo, creio, é mais que um passo. É uma caminhada bem mais serena em nossas vidas em recuperação.


Escrito pelo editor de Alcoólico em Paz. A reprodução é livre desde que citada a fonte e indicado link para o texto original.

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Cinco competências que nós alcoólicos em recuperação deveríamos desenvolver

04 terça-feira out 2016

Posted by Alcoólico em paz in AA, Cotidiano, Experiências pessoais

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12 Passos, 3ª Tradição, ação, Aceitação, Alcoólicos Anônimos, Alcoolismo, Apadrinhamento, Aprendizagem Social e Emocional, ASE, Atitude, Autoconsciência, Autogestão, Álcool, Bom humor, Compaixão, Competências, Consciência, Crenças, Crescimento, Daniel Goleman, Decisões, Dependência química, Desejo, Deus, Doze Passos, empatia, Fritjof Capra, Habilidade social, Habilidades, Humildade, ingovernável, Irmandade, Madrinha, Padrinho, Poder Superior, Ponto de vista, Recuperação, Tradições, Valores

Quando escrevi o título acima, inicialmente havia colocado “precisamos” no lugar de “deveríamos”. Aí resolvi mudá-lo, pois bem sei como sou e como somos nós alcoólicos: quase sempre reticentes a qualquer imposição. Então, como na irmandade de Alcoólicos Anônimos (A.A.) e outras coirmãs sabiamente o fazem, passo a escrever o texto a seguir meramente como sugestão, embora eu tenha certeza da imperiosidade de levarmos em conta essas cinco habilidades mentais e sociais para vivermos em paz conosco, com nossos próximos e… com o alcoolismo (ou dependência química a outra droga).

Sem delongas, os cinco pontos são: autoconsciência, autogestão, empatia, habilidade social e boa capacidade de tomada de decisões. É claro que não vou conseguir aprofundar todos esses conceitos em um curto post (prometo fazê-lo nos próximos) muito menos tentar encaixá-los na nossa condição de dependentes químicos em recuperação. Sim, pois acredito que seja muito difícil trabalharmos essas questões em nossos interiores encharcados de álcool.

Esses cinco pontos não são novos nem escolhidos ao acaso. Fazem parte de um programa chamado “Aprendizagem Social e Emocional”. Coisa de uma turma de pensadores do pós-modernismo que vivemos como [Daniel] Goleman e seus conceitos de inteligência emocional e [Fritjof] Capra, brilhante com sua teoria sistêmica que consegue enredar em uma mesma teia desde a filosofia taoista até os mais indecifráveis códigos da física quântica.

Bom, mas vamos lá com as tais competências emocionais que tanto poderiam nos ajudar no nosso desenvolvimento e caminhada em recuperação.

1. Autoconsciência

Bem, de certo modo simplista, nada mais é do que a habilidade de sabermos como nos sentimos e por quê. Só que isso dá um trabalho! E é aí que acredito que a presença forte de um(a) padrinho/madrinha faça toda a diferença. Como nós, alcoólicos em recuperação poderíamos almejar a esse primeiro ponto sem praticar com constância e firmeza os primeiro, quarto e décimo passos, pelo menos?

2. Autogestão

Requer que saibamos o que fazer com esses sentimentos que descobrimos no ponto anterior. E talvez essa seja a habilidade mais difícil de ser adquirida pois solicita, ao contrário do que possamos pensar, que nos entreguemos. Pois se tivermos feito bem o Primeiro Passo, sabemos que nossas vidas são ingovernáveis por nossas próprias forças. E é aí que entra o Poder Superior e os segundo e terceiro passos além do décimo primeiro que pede que vivamos “rogando apenas o conhecimento da vontade do Poder Superior em relação a nós e forças para realizarmos essa vontade”.

3. Empatia

É procurar saber o que os outros sentem e pensam, mas, mais do que isso: tentar compreender seus pontos de vista, muitas vezes colocando-nos em seus lugares. Ah… essa, convenhamos, é uma tarefa hercúlea para a maioria de nós. Ainda assim, admitamos, é a que encontra tarefas a serem realizadas na maioria dos Doze Passos. Não é difícil perceber isso se observarmos/estudarmos os oitavo e nono passos, por exemplo.

Desenvolver a empatia requer mais do que humildade para reconhecer que há pontos de vista diferentes. Solicita-nos compaixão para (como refere a etimologia da palavra) “sofrermos juntos com o outro”. Tudo isso admitindo que esse outro tenha valores, sistema de crença e desejos diferentes dos nossos.

4. Habilidade social

Até pode ser confundida com a prática da empatia, mas é coisa bem diferente. Desenvolver habilidade social exige ação! Além, é claro, de se ter bom ânimo e compreensão das habilidades anteriores. Habilidade social grita por atitude. É necessário caminhar, trilhar. É preciso trocar mensagens e telefonemas com frequência, sair junto para um café ou reunião, fazer algumas viagens, lembrar de várias datas… e tudo isso relacionando-se com várias pessoas.

Mas o mais difícil disso tudo (e abri um novo parágrafo justamente para destacar isso) é que precisamos sorrir. Voluntária e sinceramente! Chorar também, claro, mas nisso já somos craques.

5. Boa capacidade para tomada de decisões

Não é aquela eterna busca pelo caminho certo que não existe. Acredito que tenha mais a ver com o melhor caminho (torcendo sempre para que seja o mais correto… hehe). Acho que é o ponto crucial de todas as cinco competências listadas aqui. De nada adianta conhecer todo o programa de A.A., frequentar reuniões, etc. se falharmos na hora de tomar as decisões, seja elas quais forem. Afinal, viver é tomar decisões a todo o instante.

Uma coisa é certa: precisamos de bom humor. Sou partidário da prática de rir de si mesmo. O bom humor acalma e, caso o riso seja em função de alguma falha, a diminuição da ansiedade que ele promove ajuda a pensarmos melhor na reparação.

Por último, sempre é bom lembrar que a principal tomada de decisão para nós alcoólicos refere-se à Terceira Tradição de A.A.: “Para ser membro, o único requisito é o desejo de parar de beber”.


Escrito pelo editor do blog Alcoólico em Paz. É livre a reprodução, desde que citada a fonte e indicado link para matéria original.

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