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Alcoólico em paz

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Cinco competências que nós alcoólicos em recuperação deveríamos desenvolver

04 terça-feira out 2016

Posted by Alcoólico em paz in AA, Cotidiano, Experiências pessoais

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12 Passos, 3ª Tradição, ação, Aceitação, Alcoólicos Anônimos, Alcoolismo, Apadrinhamento, Aprendizagem Social e Emocional, ASE, Atitude, Autoconsciência, Autogestão, Álcool, Bom humor, Compaixão, Competências, Consciência, Crenças, Crescimento, Daniel Goleman, Decisões, Dependência química, Desejo, Deus, Doze Passos, empatia, Fritjof Capra, Habilidade social, Habilidades, Humildade, ingovernável, Irmandade, Madrinha, Padrinho, Poder Superior, Ponto de vista, Recuperação, Tradições, Valores

Quando escrevi o título acima, inicialmente havia colocado “precisamos” no lugar de “deveríamos”. Aí resolvi mudá-lo, pois bem sei como sou e como somos nós alcoólicos: quase sempre reticentes a qualquer imposição. Então, como na irmandade de Alcoólicos Anônimos (A.A.) e outras coirmãs sabiamente o fazem, passo a escrever o texto a seguir meramente como sugestão, embora eu tenha certeza da imperiosidade de levarmos em conta essas cinco habilidades mentais e sociais para vivermos em paz conosco, com nossos próximos e… com o alcoolismo (ou dependência química a outra droga).

Sem delongas, os cinco pontos são: autoconsciência, autogestão, empatia, habilidade social e boa capacidade de tomada de decisões. É claro que não vou conseguir aprofundar todos esses conceitos em um curto post (prometo fazê-lo nos próximos) muito menos tentar encaixá-los na nossa condição de dependentes químicos em recuperação. Sim, pois acredito que seja muito difícil trabalharmos essas questões em nossos interiores encharcados de álcool.

Esses cinco pontos não são novos nem escolhidos ao acaso. Fazem parte de um programa chamado “Aprendizagem Social e Emocional”. Coisa de uma turma de pensadores do pós-modernismo que vivemos como [Daniel] Goleman e seus conceitos de inteligência emocional e [Fritjof] Capra, brilhante com sua teoria sistêmica que consegue enredar em uma mesma teia desde a filosofia taoista até os mais indecifráveis códigos da física quântica.

Bom, mas vamos lá com as tais competências emocionais que tanto poderiam nos ajudar no nosso desenvolvimento e caminhada em recuperação.

1. Autoconsciência

Bem, de certo modo simplista, nada mais é do que a habilidade de sabermos como nos sentimos e por quê. Só que isso dá um trabalho! E é aí que acredito que a presença forte de um(a) padrinho/madrinha faça toda a diferença. Como nós, alcoólicos em recuperação poderíamos almejar a esse primeiro ponto sem praticar com constância e firmeza os primeiro, quarto e décimo passos, pelo menos?

2. Autogestão

Requer que saibamos o que fazer com esses sentimentos que descobrimos no ponto anterior. E talvez essa seja a habilidade mais difícil de ser adquirida pois solicita, ao contrário do que possamos pensar, que nos entreguemos. Pois se tivermos feito bem o Primeiro Passo, sabemos que nossas vidas são ingovernáveis por nossas próprias forças. E é aí que entra o Poder Superior e os segundo e terceiro passos além do décimo primeiro que pede que vivamos “rogando apenas o conhecimento da vontade do Poder Superior em relação a nós e forças para realizarmos essa vontade”.

3. Empatia

É procurar saber o que os outros sentem e pensam, mas, mais do que isso: tentar compreender seus pontos de vista, muitas vezes colocando-nos em seus lugares. Ah… essa, convenhamos, é uma tarefa hercúlea para a maioria de nós. Ainda assim, admitamos, é a que encontra tarefas a serem realizadas na maioria dos Doze Passos. Não é difícil perceber isso se observarmos/estudarmos os oitavo e nono passos, por exemplo.

Desenvolver a empatia requer mais do que humildade para reconhecer que há pontos de vista diferentes. Solicita-nos compaixão para (como refere a etimologia da palavra) “sofrermos juntos com o outro”. Tudo isso admitindo que esse outro tenha valores, sistema de crença e desejos diferentes dos nossos.

4. Habilidade social

Até pode ser confundida com a prática da empatia, mas é coisa bem diferente. Desenvolver habilidade social exige ação! Além, é claro, de se ter bom ânimo e compreensão das habilidades anteriores. Habilidade social grita por atitude. É necessário caminhar, trilhar. É preciso trocar mensagens e telefonemas com frequência, sair junto para um café ou reunião, fazer algumas viagens, lembrar de várias datas… e tudo isso relacionando-se com várias pessoas.

Mas o mais difícil disso tudo (e abri um novo parágrafo justamente para destacar isso) é que precisamos sorrir. Voluntária e sinceramente! Chorar também, claro, mas nisso já somos craques.

5. Boa capacidade para tomada de decisões

Não é aquela eterna busca pelo caminho certo que não existe. Acredito que tenha mais a ver com o melhor caminho (torcendo sempre para que seja o mais correto… hehe). Acho que é o ponto crucial de todas as cinco competências listadas aqui. De nada adianta conhecer todo o programa de A.A., frequentar reuniões, etc. se falharmos na hora de tomar as decisões, seja elas quais forem. Afinal, viver é tomar decisões a todo o instante.

Uma coisa é certa: precisamos de bom humor. Sou partidário da prática de rir de si mesmo. O bom humor acalma e, caso o riso seja em função de alguma falha, a diminuição da ansiedade que ele promove ajuda a pensarmos melhor na reparação.

Por último, sempre é bom lembrar que a principal tomada de decisão para nós alcoólicos refere-se à Terceira Tradição de A.A.: “Para ser membro, o único requisito é o desejo de parar de beber”.


Escrito pelo editor do blog Alcoólico em Paz. É livre a reprodução, desde que citada a fonte e indicado link para matéria original.

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Você sabe lidar com suas emoções? Descubra com essas 10 dicas

23 quarta-feira mar 2016

Posted by Alcoólico em paz in Cotidiano

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Ajuda, Altruísmo, Bem resolvido, Chorar, Desculpas, Discussão, Discussões, Emoção, Emoções, Honestidade, Humildade, Mente Aberta, Negativismo, Observação, Positivo, Prejuízos, Sentimentos, Tranquilidade

É fundamental para o ser humano, buscar o aprendizado de suas emoções, o controle e a paciência. Afinal, quando lidamos somente por impulso, corremos um grande risco de machucar pessoas que não queremos e falar coisas que não sentimos.

Para descobrir se você sabe lidar com suas emoções, confira se você possui a maioria das 10 características listadas abaixo:

Não teme coisas negativas

Você tem em mente que a vida não é só feita de coisas positivas e por esse motivo é normal que por vezes também existam situações “não tão boas”, e nesses casos é essencial que saiba reconhecer e que esteja preparado para as enfrentar.

Opta por observar de uma forma geral

É de extrema importância que o faça, até porque, ao encarar as coisas à distância, você consegue fazer uma análise mais contextualizada e menos influenciada por questões pessoais e isoladas.

Tem facilidade em colocar-se no lugar do outro

Se você for alguém muito empático é normal que tenha bastante facilidade para perceber aquilo que os outros estão passando. É também um sinal que de você é uma pessoa madura no que diz respeito às suas emoções.

Não tem medo de chorar

Você não tem medo das lágrimas escorrendo em seu rosto, até porque não existe nenhum problema em demonstrar os seus sentimentos.

É uma pessoa bem resolvida

Você demonstra tranquilamente a tudo e todos que a única pessoa que o critica é você próprio, afinal tem noção que as coisas mais negativas podem ser muito prejudiciais para si.

Consegue acabar com discussões

Às vezes, quando as opiniões são diferentes, é normal que existam discussões para ver quem apresenta o melhor ponto de vista e acaba por ‘ganhar’. Se você é daquelas pessoas que mesmo tendo a certeza da sua razão, opta por terminar a discussão, pois percebe que aquilo não levará a lugar algum, está mais do que visto que tem o controle absoluto das suas emoções.

Expressa os seus sentimentos

Você não tem problema em expressar os seus sentimentos, pelo contrário faz questão de demonstrar.

Acima de tudo é honesto consigo próprio

Você consegue equilibrar os seus sentimentos através da capacidade que possui de entender o que está a acontecer consigo, pois desta maneira é mais fácil resolver os seus problemas e tornar a sua vida muito mais fácil.

Não tem medo de pedir desculpas

Você sabe que é natural que todo o ser humano erre, por isso consegue realizar o mais importante que é reconhecer esse erro e admiti-lo, pois quando isto acontece é muito mais fácil para si seguir em frente.

Sabe quando precisa de ajuda

Quando a vida te impõe situações complicadas, você não tem medo de pedir ajuda e desabafar.


Fonte: LifeStyle

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Chorar vale mais do que uma boa dose de tranquilizantes

12 sexta-feira fev 2016

Posted by Alcoólico em paz in Al-anon e Alateen, Cotidiano

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Alívio, Alcoolismo, Angústia, Ansiedade, Calma, Calmante, Chorar, Choro, Depressão, Desapego, Humildade, Lexotan, Recuperação, Rivotril, Tranquilizante

Quando anoitece e a razão escurece, ascende clara a ferida. São dias em que a alma sente dor, uma dor tamanha que é impossível ignorar. Então a gente chora. Chora sim. A gente se socorre no choro, enquanto tenta fazer escorrer em lágrimas o que precisa sair, descer ou desfazer. O choro é chuva que varre a dor, é uma atrevida tentativa de fazer a tristeza fugir do olhar. Enquanto escorre, a lágrima faz curva na angústia, faz o instante condoer-se em dilúvio. Chorar é fazer as palavras caírem dos nossos olhos. É dizer o que, em certos momentos, se encontra indizível.

A gente chora também porque se despede, porque se lamenta, porque se comove, porque o filme era lindo. Choramingamos baixinho, dentro de um quarto em solidão ou por detrás de um abraço de despedida no aeroporto. Soluçamos pela lembrança que dói ou que alimenta. Ao reviver em memória o último beijo, o irrevogável tempo de infância, a conversa que não terminamos, o abraço sobrante no braço, a família que está longe, aquele que se foi. Choramos como pedido de ajuda ou como estratégia para sermos olhados — quando o mundo parece ocupado demais para prestar-nos atenção. Choramos porque nos sentimos sozinhos, quando todos se divertem em viver, e nós naquele instante, não. Choramos de medo dos monstros que dormem em nossos quintais a nos assombrar. Choramos de raiva porque tudo deu errado naquele dia. Choramos por solidariedade ao mais fraco, por empatia ao que sofre. Porque nos reconhecemos nos olhos dos pedintes, esmolando além do pão, um trocado de misericórdia. Choramos porque amamos intensamente e desejamos ser amados, e nem sempre somos. Alguns choram em segredo, quando a única opção é ser forte. A alma plange, soluça na intimidade recolhida do escuro. É, existe dor que é sigilo. No entanto, existe choro que regozija, onde a alegria que não cabe mais por dentro há de sair pelo transbordamento.

De todo modo, choro é alívio pra alma. É a gente colocando a mão por dentro da garganta a desatar o nó. Shakespeare diria que chorar é diminuir a profundidade da dor. Acho mesmo que é dar a palavra ao que se encontra sem nome dentro de nós. O choro é a vertigem da palavra, ela entontece e fica trancada — escassa — e o sentimento só consegue sair em rio, quando a comporta se abre. E desce, escorregando na face, deixando na cara lavada a nossa humanidade. Há quem diga que homem não chora. Ora, os homens não têm olhos e tempestades por dentro? E ainda ouvimos: Pare de chorar a-go-ra! Engole o choro! Pra mim, pranto engolido transmuta em fome demasiada, em angústia, em ferida, vira gastrite, vira enfermidade pra alma. Choro contido vira gelo, empedra as entranhas, nos enrijece enquanto criatura humanal. Seca a gente por dentro, enxuga as nascentes dos rios que nos habitam. O pranto é um resto de mar que cura. Os que se retraem a chorar rasgam palavras, se livram de comunicar aquilo que o indizível não deu conta de representar. E por qual calçada vai descer essa torrente, já que não descai pelos olhos? Os que não choram se colocam mais perto de adoecer, por isso, chorar pode valer mais do que uma boa dose de tranquilizantes.

Se eu tiver que chorar, choro hoje, choro agora. E à vida digo, eu devo dizer: sim, eu vou lhe dar o enorme prazer de me ver chorar. Amanhã, bem cedinho, me costuro. E rio. Eu sei me navegar.


Autora: Ruth Borges, colunista da Revista Bula

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Como um alcoólico em recuperação deve lidar com seus filhos codependentes

29 sexta-feira jan 2016

Posted by Alcoólico em paz in AA, Al-anon e Alateen, Ciência, Cotidiano, Experiências pessoais, Narcóticos Anônimos

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Abstinência, Al-Anon, Alcoólatra, Alcoólico, Alcoolismo, Companheiros, Confiança, Conselhos, Consequencias, Convivência, Criação, Dependência química, Dicas, Exemplo, Filhos, Finanças, Honestidade, Humildade, Limites, Maternidade, mãe, Mente Aberta, Metas, pai, Parceiros, Parceria, Parenting, Paternidade, Proposta, Proteção, Recuperação, Responsabilidade, Vítimas, Vitórias

Parenting é a palavra em inglês para maternidade ou paternidade, mas quando se refere a questões envolvendo dependência química, ela ganha um pouco mais de sentido. Poderia ser traduzida como o processo de criação dos filhos promovendo apoio físico, emocional, social, financeiro e desenvolvimento intelectual de uma criança da infância para a idade adulta. Refere-se aos aspectos de criar um filho além do relacionamento biológico normal, mas psicológico também, principalmente no que se refere à codependência.

Praticar parenting com nossos filhos pode ser um problema significativo para nós pais/mães alcoólicos em recuperação. Eles, ainda que adolescentes, eventualmente estão fora do nosso círculo de controle, mas sempre estarão dentro do nosso círculo de influência! E precisamos estar presentes. Nossos filhos devem sentir que estamos disponíveis para ajudar, sem que fique pairando em suas mentes a imagem do pai/mãe alcoólico na ativa.

Observando diversos artigos publicados em revistas científicas, artigos sobre o assunto e mesmo em publicações internacionais de Al-Anon, pude elencar alguns princípios básicos e fundamentais na nossa relação com nossos filhos que ajudam a melhorar o relacionamento. São elementos-chave que os ajudam a nos ver como presentes nas suas vidas adultas ou jovens, que seremos uma influência em suas vidas e que agora podemos fazer isso de forma positiva, ajudando em um dos aspectos mais básicos na autoestima e afirmação como seres humanos em uma sociedade: as tomadas de decisão.

Mas lembre-se! Para tudo o que está escrito abaixo ser elementos de melhoria para seus filhos, é importante que tenha em mente os princípios básicos de honestidade, humildade e mente aberta, não por acaso respectivamente aqueles invocados nos 1º, 2º e 3º Passos de Alcoólicos Anônimos. Ou seja, não adianta parar de beber e não mudarmos nossas atitudes e pensamentos perante o mundo e encontrar uma nova maneira de viver (leia mais no post O alcoólico que nunca bebeu).

Pois bem, seguem as considerações para refletirmos:

Seja um mentor, não um ditador

Não estou fazendo a suposição que você sempre foi um pai/mãe ditatorial, mas a medida que uma criança cresce, principalmente em um ambiente de alcoolismo, nosso papel é significativo para mudar a impressão de que tem de nossa vida alcoólica. Acredita-se que é importante dar conselhos, oferecer recursos e ajudar quando necessário, mas não assumir o controle. Nossos filhos precisam fazer suas próprias escolhas e assumir as consequências delas. Então, o nosso papel como um pai/mãe precisa ser mais como um amigo mais velho e agora confiável. Precisamos respeitar nossos filhos, já os desrespeitamos demais.

Estabeleça limites apropriados

Quando filhos, mesmo adultos, vivem com você ou quando você está fornecendo apoio financeiro para eles, você pode e deve estabelecer as condições para que continue a apoiá-lo. Para isso, sua vida alcoólica passada deve ficar no passado. É preciso estar realmente em recuperação para poder estabelecer limites, mesmo quando é você quem sustenta a casa. Seus filhos adultos precisam manter você informado sobre onde estão, o que estão fazendo e com quem. Você tem o direito de saber, MAS na condição de codependentes, eles precisam de reciprocidade, ou seja, é importante que eles também conheçam sua rotina e, caso ela mude, sejam avisados. Essa segurança é fundamental para eles terem confiança em você e aceitarem suas regras justas.

Mantenha responsabilidade financeira

Embora seja certamente aceitável ajudar financeiramente um filho adulto que precisa de ajuda, é preciso que os ensine a ter responsabilidade financeira. E para isso, você deve dar o exemplo! É importante que eles possam saber das responsabilidades deles para lidar com dinheiro, mas também precisam saber das obrigações que você tem para manter a casa. Dessa forma, o ideal é que eles sejam envolvidos nos processos de decisão e do pagamento de contas. Mas, importante, a opinião deles deve ser considerada sempre! Caso contrário, ficar de “corpo presente” ou como mero ouvinte em uma discussão sobre planejamento financeiro da família tornará a atividade desgastante e só tende a piorar a situação. Ou seja, tentaram de tudo para ajudá-lo a combater o vício e agora têm suas autoestimas jogadas no lixo porque suas opiniões não são consideradas. Fique atento a isso. Seus filhos são agora seus parceiros, não suas vítimas.

Esclareça as expectativas regularmente

Em recuperação, quase todos os alcoólicos buscam ou anseiam um contato estreito com seus filhos e gostariam não só de saber como andam as coisas com eles, mas também demonstrar como andam as coisas consigo (cuidado para não incorrer nos defeitos de caráter da autopiedade, do egoísmo, entre outros). Para manter essa equação balanceada, é importante que você, além de arguir sobre os planos de seus filhos para o futuro, também deixe claro para eles quais são suas metas, suas expectativas e o que estás fazendo para alcançá-las. Essa atitude é fundamental para que, mesmo que aos poucos, vocês comecem a trocar experiências, confiarem uns nos outros e o mais interessante: comemorar juntos as vitórias!

Deixe os seus filhos serem adultos

Finalmente, às vezes os pais estão ansiosos para continuar a proteger seus filhos de consequências negativas, como foi o caso do alcoolismo ou da dependência química a outras drogas no seu caso. Mas os melhores pais sabem que eles devem permitir que seus filhos experimentem os pontos positivos e negativos da vida. Confie neles. Eles compreendem muito bem o exemplo negativo que você deu durante sua vida alcoólica ativa. Agora só o que você pode fazer é mostrar o quanto você pode ser feliz e ter uma vida próspera em recuperação (lembrando que recuperação significa não só abstinência, mas um pensar constante sobre a vida e a busca incessante pelo aperfeiçoamento pessoal). Pode ser doloroso para você, mas creia: foi ainda mais doloroso para eles assistir você se matando e destruindo a família.

Parenting pode ser uma proposta difícil. Mas se todos queremos nossos filhos de volta. E para fazer isso acontecer, devemos buscar os processos adequados. É uma grande meta. Talvez a mais nobre depois daquela a que nos propomos quando decidimos parar de morrer e começar a viver em recuperação.


Escrito pelo editor do blog Alcoólico em Paz. É livre a reprodução, desde que citada a fonte e, preferencialmente, o link para este post.

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Dez pessoas que encontramos em reuniões de Alcoólicos Anônimos

12 terça-feira jan 2016

Posted by Alcoólico em paz in AA, Al-anon e Alateen, Cotidiano, Experiências pessoais, Narcóticos Anônimos

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A.A., AA, Adicção, Adicto, Alcoólicos Anônimos, Alcoolismo, Arrogante, Arrogância, Auto-ajuda, Autoconfiança, Confiante, Diferenças, Encontros, Grupos, Humildade, Invisível, Jargão, Justiça, mútua ajuda, Mente Aberta, N.A., NA, Narcóticos Anônimos, O cara, Pegador, Pessoas, Prisão, Profissional, Recaída, Recaído, Recuperação, Reunião, Reuniões, Serenidade, Sobriedade, Vergonha

Ah, uma reunião de A.A. Você pode amá-la ou odiá-la. Você pode ainda (e isso ocorre com muita frequência) amar uns(umas) companheiros(as) e odiar outros(as). Mas o interessante é que provavelmente você, em algum momento, vai precisar de cada um deles, independentemente de como se sente em relação às reuniões ou aos companheiros e suas histórias de vida. Além disso, é impressionante como pessoas tão diferentes, com vivências, pontos de vista, aparências, status social, religiões, identidades sexuais… tão diferentes possam se parecer tanto em muitos aspectos.

Depois de frequentar vários grupos de Alcoólicos Anônimos e de Narcóticos Anônimos em diversas cidades, pareço ter encontrado diversas pessoas por lá. Alguns padrões se repetem e, não querendo rotular nem estigmatizar ninguém, resolvi fazer uma brincadeira e listar 10 tipos comuns de alcoólicos ou adictos a outras drogas em recuperação. Veja em qual você melhor se encaixa e reflita.

10. O cara

Você pode pensar que é ou era difícil de lidar com seu vício. Quero dizer, parecia difícil no momento. Adivinha? Não era. O “cara” está lá para mostrar que o vício dele era muito pior. Não era só pior, era mais engraçado, e ainda de alguma forma mais trágico. Suas histórias de vício parecem milhões de pedacinhos de tragédias relatados como uma história de ninar.

Ele conquistou uma vida financeira invejável, perdeu tudo, e conseguiu dar a volta por cima, três vezes! Ele fez centenas de mulheres/homens chorarem, e todos eles eram bonitos(as). Você usou 200 gramas de cocaína por dia? Ele usou 400. Você costumava ir trabalhar bêbado? Ele trabalhou em corporações gerenciando milhões enquanto bebia três garrafas de vodca por dia.

Mas a melhor parte sobre o “cara” é que ele pode falar por vários minutos sobre suas “grandes” histórias (estórias?) quando uma reunião está se arrastando. A pior parte? Ninguém acredita em qualquer coisa que ele diz.

9. O hipocondríaco

Esta pessoa é viciada em tudo. Ela só foi a uma reunião viciados em sexo, agora ele está aqui em uma reunião de A.A. Então, depois disso, ele tem de correr para uma reunião de N.A. Porque ele está ocupado com todas essas reuniões, ele teve um problema com uma dieta equilibrada, que é um problema, porque ele é um viciado em comida. Ele estava lendo um e-mail ontem, mas achou que pode ter um problema com o uso demasiado de tecnologia.

Não se sinta mal por ele, porque ele é um viciado em vergonha.

8. O pegador

Também conhecido como o “cara do 13º passo”, aquele que é lembrado sobre a brincadeira informal da “recaída da calcinha”. Ele (ou ela, eventualmente) é o namorador em meio à multidão. Se você não tem certeza de quem ele é, basta encontrar a mulher mais quente da sala e olhar para a direita. Ele estará lá.

Esse cara é um bom ouvinte e quase sempre está armado com um maço de cigarros, e uma expressão sincera em seu rosto. Ele é universalmente odiado por todos os outros participantes da reunião por causa de sua falta de moral e porque (pense bem nisso) está vivendo a fantasia de todo mundo.

7. O deslumbrado

Esse cara é tão, tão feliz de estar aqui: “Que grande dia é hoje!” “Que ótimo estar sóbrio! Uhuu!” “As coisas estavam ruins por um tempo, mas não mais!”

Esse cara perdeu sua esposa, sua família e seu trabalho. Ele não tem nenhum lugar para viver, Sua conta corrente está quase zerada e está ostentando um olho roxo, mas as coisas estão ótimas!

O deslumbrado só está sentindo que as coisas são tão incrivelmente impressionante há alguns dias, que é a mesma quantidade de tempo que ele tem estado sóbrio.

Shh… cuidado para não acordá-lo. Ele vai fazer isso por conta própria em algumas semanas.

6. O participante obrigatório

Ele eventualmente chega após a reunião ter começado, geralmente acompanhado por um amigo, familiar ou companheiro, senta-se atrás, às vezes ri um pouco, boceja, tira um cochilo rápido, então apressa-se para assinar um pedaço de papel que diz que ele estava na reunião e corre para fora logo que possível.

Por que ele está lá, se ele não quer? Bem, porque ir ao encontro faz parte das suas condições de fiança, e se ele não ir a uma reunião, ele vai para a cadeia. Enquanto este método raramente ajuda o indivíduo em questão parar de usar, ele permite que juízes e oficiais de liberdade condicional para se sentir como eles estão fazendo algo produtivo.

Se quiser se aproximar do participante obrigatório, muitas vezes é melhor deixá-lo se achegar a você primeiro. São grandes as chances de que ele pensa que você é um lunático completo.

5. O recaído constante

O recaído constante é um componente importante de qualquer reunião de A.A. ou N.A. Ele é um paradoxo. Depois de uma recaída, ele fica cheio de vergonha e pensa que é um perdedor completo. Em seguida, uma vez que ele se ajuda, em algumas semanas está cheio de esperança e fala um monte de jargões do programa.

Ele constantemente oscila entre ser um modelo e um conto preventivo para os outros. Isto por sua vez permite que outros participantes da reunião percebam que um pequeno deslize e suas vidas voltam a se tornar horríveis.

4. O autoconfiante

“O que você vai fazer depois da reunião? Vamos comer algo com meus amigos do trabalho?”. Bem, isso soa agradável, meio chato, mas agradável. Mas é? Cuidado. Eles servem bebidas lá? E alguns desses amigos vão beber? Se você se fizer essas perguntas vai lembrar da última vez que você saiu e um deles tinha duas cervejas nas mãos. Então, esses amigos de trabalho do companheiro autoconfiante são uma boa companhia para você?

Então talvez deva sair para uma corrida. Ah, mas o caminho que você tomar em sua corrida vai passar nos bares nos quais você bebia? Cuidado, você pode estar fazendo o mesmo que tomar um banho em uma banheira cheia de uísque.

3. O companheiro-jargão

Tem sempre aquele que em um depoimento fala cerca de 20 frases e em todas elas há um jargão de Alcoólicos Anônimos ou Narcóticos Anônimos. “Mantenha simples, companheiro!”. “Não troco o meu melhor dia da ativa pelo meu pior dia sóbrio!”, “Um dia de cada vez!”, “Só por hoje!”, “Não tenho vergonha de dizer que sou alcoólico, tenho vergonha de beber e fazer bobagem!”… e por aí vai. A lista, creiam, é muito longa.

2. O invisível

Senta no fundo da sala e mantém a cabeça baixa, evitando o contato com tudo e todos. Ele visivelmente estremece a qualquer pensamento de contato físico e recua quando alguém tenta chegar perto de qualquer forma. Quando a reunião termina, o invisível é o primeiro a sair, antes mesmo de o participante obrigatório, porque ele não precisa assinar nada. O invisível é geralmente alguém que está em uma reunião para si mesmo, sua esposa, seu conselheiro ou outros dizem que deu certo a frequência à reuniões.

1. O profissional

O “profissional” é tipo o seu pai com raiva. Esse cara vai recitar páginas Livro Azul e números de parágrafo, sem qualquer outra explicação. E se você falar algo diferente do que consta na literatura, ou ultrapassar o seu limite de tempo, ele irá informá-lo imediatamente. Ele conhece todos na reunião e, geralmente, revela em seu papel como o cão alfa.

Há ocasionalmente um “profissional” que atua como um mestre benevolente, mas geralmente este tipo tende a ser bastante raro. Se você tem uma inclinação anti-autoritarismo, como a maioria de nós alcoólicos e adictos, ouvir esse cara em um dia em que não esteja tão calmo pode levar você ao bar mais próximo ainda no intervalo da reunião.


Texto adaptado pelo editor de Alcoólico em Paz baseado em um artigo de Brian Whitney, publicado em 8 de janeiro de 2016 no site norte-americano The Fix. 

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Dias de luta, dias de glória

04 sexta-feira dez 2015

Posted by Alcoólico em paz in Cotidiano, Experiências pessoais

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Alcoólico, Alcoolismo, Amor, Escola, Espelho, Família, Filha, Filhos, Honestidade, Humildade, Luta, Mente Aberta, Paternidade, Paz, Percepção, Recaída, Recuperação, Retrovisor, Sincronicidade, Sobriedade, Vida

Confesso que o “alcoólico em paz” de 17 de novembro de 2014, dia do lançamento deste blog, sobrevive a duras penas em alguns momentos do dia em que a ternura do mundo (sim, ela existe) ativa a minha mente aberta e honestidade. Desde 4 de maio deste 2015, dia da recaída, venho caminhando aos tombos nessa trilha em busca da sobriedade que já em poucos companheiros consigo identificar. Todos esses transtornos ficam claros no número de posts escritos por mim nesse período de seis meses: apenas dois (Retroalimentação e Recaída e recomeço: onde a serenidade, a coragem e a sabedoria se encontram).

Mas, de certa forma especial, foram cumpridas as metas estranhas daqueles posts do meu “plano infalível” para controlar o alcoolismo (leia mais em: Larga o joystick!, Vá com calma. É aos poucos que a vida vai dando certo e Descobri o sentido da palavra ‘recuperação’). A vida melhorou muito, encontrei (finalmente) um padrinho, organizei finanças e estabilizei-me no emprego, etc. Mas enfrento fortes tombos, beijei a lona violentamente por algumas vezes, e ainda estou em pé. Nem sabia como isso era possível até semana passada, quando ocorreu uma reunião de pais da escola de nossa filha de dois anos.

Final de ano, filhos avançando em suas formações pessoais, pais emocionados… essas coisas. Foi aí que a pedagoga responsável pela turma propôs um exercício. Nos entregou uma caixa dentro da qual, segundo ela, havia um grande presente para nossos filhos. Ao abrir, encontrei no fundo dois espelhos, lado a lado. Como fui o último da roda a ver o presente, fui o último a falar sobre as impressões. Identifiquei-me bastante com a fala dos outros pais, mas, encafifado, perguntei:

_ São dois espelhos porque não havia um grande para preencher o fundo da caixa, ou havia algo a mais a ser explicitado?

_ Hehe. Não… é que não achamos nenhum que coubesse no fundo e colocamos dois… – disse a professora.

Pois para mim foi fundamental aquela estranha sincronicidade que só um Poder Superior pode colocar em nosso caminho. Comentei que nossa vida familiar foi bastante conturbada no último semestre, mas aqueles dois espelhos me ajudaram muito. Nem fixei meu olhar muito no do lado esquerdo, fiquei emocionado com o do lado direito. O que vi no fundo daquela caixa foram dois homens diferentes. Ao dado esquerdo, um lutador incansável, todo arrebentado, segurando-se às cordas para manter-se em pé. Do outro, o futuro, um homem forte, firme, amante e amado, consciente de que é preciso se manter sóbrio para que sua família floresça cada vez mais… ou melhor, não padeça no horror de um marido e pai alcoólico na ativa.

E é assim que, sempre de olho no retrovisor, espelho mágico do qual nós alcoólicos não podemos nos furtar, estou seguindo em frente. Estamos quase lá. Quase lá. E a vida parece que será sempre assim. Vamos nos mantendo em pé, um dia de cada vez. Mas eu hoje ainda não admito isso. Acho que temos que pensar que já chegamos muito longe. Que a caminhada não volta ao ponto inicial, mas recomeça a cada recaída (não que isso seja argumento para tal). Sinto-me feliz, caminhando firme, confiante. Se nenhum dia for de luta, pode ser que sejam muitos de glória, mas todo o dia de luta, certamente será um dia de glorificação. Então, se lutar for preciso, que a mente esteja sempre aberta e a boa vontade sempre seja uma de nossas ferramentas espirituais mais fortes.

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Recaída e recomeço: onde a serenidade, a coragem e a sabedoria se encontram

29 sábado ago 2015

Posted by Alcoólico em paz in AA, Experiências pessoais, Narcóticos Anônimos

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12 Passos, 12º Passo, 1º Passo, 24 horas, 5º Passo, A.A., AA, Ajuda, Alcoólicos Anônimos, Alcoolismo, Caminhada, Coragem, Décimo Segundo Passo, Declaração de Responsabilidade, Deus, Falhas, Honestidade, Humildade, Oração da Serenidade, Passos, Poder Superior, Primeiro Passo, Quinto Passo, Recaída, Recomeço, Recuperação, Responsabilidade, Retorno, Reunião, Sabedoria, Só por hoje, Serenidade, Termo de Responsabilidade, Tropeço, Vida

Zerar o cronômetro da recuperação é talvez a questão mais dolorosa na vida de um alcoólico. Mas acredito que também seja uma das tarefas que exigem mais coragem e determinação. Zerar o cronômetro, para mim significa recomeçar. A recaída é uma desgraça, tudo bem. Nunca tem um motivo claro, geralmente são várias gotas que encheram o copo até transbordar. Mas identificar, avaliar e reconhecer todos esses erros é tarefa para depois. Agora o que importa é continuar a caminhada. O que realmente tem peso é que ainda há esperança, que não desistimos, que acreditamos que podemos viver uma existência digna e feliz, não importa quantas perdas sofremos com o tropeço.

É sempre difícil escrever sobre recaída. Por isso, prefiro focar no recomeço, o que quase invariavelmente passa pelo retorno a uma sala de Alcoólicos Anônimos. Para muitos, esse é um ato de muita humildade, mente aberta e coragem. Mas acredito que há uma atitude bem mais complicada: procurar um companheiro e quase que fazer um Quinto Passo, admitindo a derrota e a natureza exata de nossas falhas. Sim, pedir ajuda olhando nos olhos de outro ser humano é talvez mais difícil do que entrar em uma reunião de A.A. e solicitar outra ficha amarela. Meu Deus, como é preciso ter boa vontade para cometer esse gesto!

De todas as vezes que recaí nesses quase 23 anos de alcoolismo identificado, foi somente no último retorno que consegui tomar essa atitude. E isso foi fundamental. Confiei em um homem que, graças a um Poder Superior, teve a grandeza de honrar, sem pestanejar, a Declaração de Responsabilidade de A.A. (“Eu sou responsável. Quando qualquer um, seja aonde for, estender a mão pedindo ajuda, quero que a mão de A.A. esteja sempre ali. E por isto, eu sou responsável”). Jamais vou esquecer daquele olhar de quem, mesmo demonstrando muita calma, foi honesto em reconhecer que talvez não soubesse como e se poderia ajudar, mas que estaria sempre ao meu lado, seja onde for, a hora que for e faria de tudo para que eu voltasse à vida.

Foi em um café da bela Rua da República, por onde passa o Paralelo 30° no bairro Cidade Baixa, o mais boêmio de Porto Alegre, que os três principais elementos da Oração da Serenidade se encontraram. A coragem de alguém pedindo ajuda, a sabedoria de quem estava ajudando e a serenidade que se estabeleceu em minha alma e que permanece até agora em minha recuperação. Eu estava novamente dando o Primeiro e ele o Décimo Segundo Passo. Foi nessa conjunção que compreendi que eu não havia voltado à estaca zero, mas apenas recomeçando uma caminhada. Cronômetro zerado, mas isso não importava mais. O que importa são as 24 horas, só por hoje.

_ Muito obrigado, Zeca!
_ O que é isso… eu é que agradeço por poder ser útil.

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Tolerância sobre julgamentos infundados

28 terça-feira abr 2015

Posted by Alcoólico em paz in AA, Cotidiano, Experiências pessoais

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Alcoólicos Anônimos, Alcoolismo, Amor, Amy, Animais, Caráter, Centro de Recuperação, Clínica, Facebook, Humildade, Iluminação, Indignação, Julgamento, Julgar, Literatura, Meditação, Mente Aberta, Paternidade, Paz, Poder Superior, Raiva, Reflexões, Reflexões Diárias, Revolta, Serenidade, Tolerância, Tranquilidade, Tristeza, Voluntariado, WSPA

Na literatura de Alcoólicos Anônimos está escrito que devemos reconhecer que sabemos pouco e ter a confiança de que Deus constantemente nos revelará cada vez mais. Para tanto, precisamos manter nossas mentes abertas e nos perguntar diariamente em nossas meditações sobre o que podemos fazer pelo homem doente. Diz também que as respostas virão se estivermos preparados. Hoje preciso de respostas, e de certa forma, acredito que as estou recebendo, graças à minha boa vontade e um pouco de humildade.

Há pouco tempo, quando eu era julgado injustamente, ficava muito irado. Muitas coisas eu fazia de errado, mas compreender que as pessoas podem te julgar erroneamente justamente por aquilo que eu não tinha culpa era algo inconcebível. Ontem eu celebrava meu aniversário de 40 anos e o consultor da clínica onde fiz tratamento telefonou. Em princípio, achei que fosse para me parabenizar, mas foi para me perguntar se eu havia abandonado uma gata na clínica, a qual eu havia visitado dois dias antes. Na verdade, ele jamais desconfiou de mim. Resolveu ligar para, ouvindo minha negativa, ir em minha defesa, pois o comentário estava ocorrendo em função de um funcionário ter lembrado que postei, dias antes em meu perfil no Facebook sobre o atropelamento e morte de minha gatinha Amy, muito parecida com a que surgiu misteriosamente na clínica. Acreditavam que eu havia me livrado do bicho por lá para que não convivesse mais com minha filha de um ano e nove meses.

Coisa totalmente infundada. Há pelo menos 20 anos milito pela causa animal. Fui vegetariano por 16 anos exclusivamente por compaixão aos bichos. Perdi as contas de quantos cães e gatos minha esposa e eu retiremos das ruas, esterilizamos e doamos para pessoas responsáveis. Por dois anos consecutivos, em 2002 e 2003, o projeto do qual fizemos parte em Santa Maria, Rio Grande do Sul, recebeu em Londres o prêmio de melhor programa de bem-estar animal do mundo, concedido pela Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA, sigla em inglês para World Society for Protection of Animals), a entidade mais respeitada do planeta na área. A própria Amy, foi resgatada prenhe das ruas. Os gatinhos foram doados e ela acabou ficando em nossa família. Isso há sete anos. Mudamos cinco vezes de residência e foi sempre junto. Ela participou de toda a gravidez de minha esposa, dormia junto na cama conosco e no berço com nossa bebê. Na postagem no Facebook, inclusive coloquei um vídeo (clique aqui para ver) da pequena brincando com a gata, enchendo a boca de pelos, e eu rindo, sem qualquer medo de que o bichano iria prejudicar nossa filhinha.

Incrivelmente, não consigo sentir nenhum pouco de raiva, indignação, revolta ou qualquer outro sentimento que seria normal em mim quando não estava em recuperação. Sinto pelo funcionário que, em recuperação há mais de nove anos, parece que ainda não teve iluminação a ponto de aventar um julgamento desses sobre outra pessoa. Na realidade, não sei bem em que tom se deu a “acusação”, mas para chegar ao ponto de meu consultor, que nunca havia me ligado nesses cinco anos de convivência fraterna, ter telefonado para sanar a dúvida, é porque algo de substancial havia nos rumores.

Continuo triste pela perda de nossa gatinha tão querida e amada, ainda mais porque fui eu quem a atropelou. Mas estou muito feliz por não estar sentindo nenhum tipo de revolta com o julgamento infundado. Ao contrário, estou ainda mais certo de que devo voltar à clínica mensalmente para fazer meu voluntariado. Não sei se tenho algo para dar, não pretendo ser exemplo para ninguém (o que disse com todas as letras aos internos durante uma das palestras em que fui solicitado a falar neste final de semana), mas certamente tenho muito a ganhar convivendo com meus companheiros de doença.

O que está escrito no livro “Reflexões Diárias” de A.A. no dia 27 de abril, dia de meu aniversário e no qual se deu toda a situação, reflete muito bem o que devo ter em minha mente no momento: “Sobriedade é uma jornada de descobertas alegres. Cada dia traz nova experiência, percepção, maiores esperanças, fé mais profunda, tolerância aumentada. Devo manter esses atributos, ou não terei nada para transmitir”.

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Larga o joystick!

14 terça-feira abr 2015

Posted by Alcoólico em paz in AA, Al-anon e Alateen, Cotidiano, Experiências pessoais

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1º Passo, 2º Passo, 3º Passo, AA, Aceitação, Alcoólicos Anônimos, Angústia, Bíblia, Controle, Cotidiano, Desespero, Despertar, Despertar Espiritual, Deus, Espiritualidade, Família, Fé, Fundo de poço, Grão de mostarda, Honestidade, Humildade, Jesus Cristo, Joystick, Medo, Mente Aberta, Poder Superior, Primeiro Passo, Recuperação, Sanidade, Segundo Passo, Sobriedade, Tarefas, Terceiro Passo

Faz pelo menos três semanas que não escrevo. Isso não significa que minha recuperação está comprometida. Ao contrário, tenho feito muito por ela nessas últimas tantas 24 horas. Graças ao Poder Superior, não tenho sentido angústia alguma no enfrentamento de uma das minhas grandes questões pessoais: o gerenciamento de minha vida material. Daqui 14 dias, completo seis meses de sobriedade e parto para outra etapa. Neste meu primeiro ano de recuperação, o período dos 90 aos 180 dias é dedicado a colocar em dia minhas finanças (pelo menos organizá-las) e, de uma vez por todas, deixar de ter medo de fazer o que deve ser feito, o que toda a pessoa normal faz em seu cotidiano.

Cresci observando medo, angústia, desespero até, de fazer coisas relativamente simples, coisas que deveriam ser feitas com natural tranquilidade. Depois de adulto, declaração de imposto de renda, pagamento de IPVA, e outras tarefas que se faz uma vez por ano já eram o suficiente para tirar meu sossego por meses! Não vou entrar no rol de outras labutas, mas dá para se imaginar o pavor que sentia diariamente. Meu modo de “resolver” esses “problemas” era tornando-os mais amigáveis encharcando-os com álcool.

Ainda na minha primeira internação, há cinco anos, um consultor dizia: “larga o joystick!”. É até engraçado, mas apenas ontem, depois de ter entendido que o controle de minha vida está nas mãos de um Poder Superior, graças ao despertar espiritual, é que lembrei daquele conselho. Entendi o que o hoje amigo e companheiro José Pedro queria dizer. Ele condensava naquelas três palavras os três primeiros passos de Alcoólicos Anônimos. Quando admitimos que não temos o controle de nossas vidas, entendemos que um Poder Superior quer nos colocar de volta no caminho da sanidade e decidimos entregar nossa vida e vontade em Suas mãos, é que realmente largamos o joystick.

Dá ainda para resumir tudo em uma só palavra, bem curtinha em tamanho, mas infinita em significado: Fé! Como é que pode eu ter lido tantas vezes a afirmação “Pois em verdade vos digo que, se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a este monte: passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos será impossível” (Mt 17.20) e não a ter compreendido do fundo da alma?

Mesmo que você não seja alcoólico, que não tenha feito o Primeiro Passo de A.A. admitindo a impotência perante o álcool e que perdeu o controle sobre sua vida, acredito que seja pertinente fazer o Terceiro Passo: “Decidimos entregar nossa vida e nossa vontade aos cuidados de Deus, na forma que O concebíamos”. Quando precisamos fazer uma cirurgia, geralmente procuramos um cirurgião, quando precisamos fazer um tratamento de canal, buscamos um bom dentista, e assim por diante. Por que, então, não procuramos o melhor administrador para nossas vidas? Aquele mesmo que a criou e nos conhece mais do que nós mesmos?

Para encerrar, tem uma outra frase sobre fé de que gosto muito: “Fé é assim: primeiro você coloca o pé, depois, Deus coloca o chão”. Porém, sempre me neguei a dar esse salto no escuro. Somente depois de perceber que não me era facultado salto algum, pois já estava no escuro e no fundo de um poço foi que eu entendi a minha única opção em direção à vida. O meu salto foi para cima, em direção a uma Luz tão forte que, da mesma forma que o escuro, não me permite olhar além. Foi então que as coisas começaram a dar certo, somente quando permiti largar o joystick sem função que eu tinha em minhas mãos.

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Abdique sua atitude egoica

20 sexta-feira mar 2015

Posted by Alcoólico em paz in Cotidiano

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Abandono, Amor incondicional, Apego, Ego, Egoísta, Egocêntrico, Egoismo, Emoção, Emoções, Evolução, Felicidade, Hipocrisia, Honestidade, Humildade, Ilusão, Ilusões, Individuação, Insegurança, Jung, Liberdade, Libertação, Mente Aberta, Narcisismo, Natthalia Paccola, Prazer, Razão, Recuperação, Reflexão, Responsabilidade, Self, Sentimentos, Terapia, Verdade

Acredito que o grande problema da vida é assumir o que somos, o que queremos e sobretudo aquilo que não sentimos. Na individuação, termo de Jung, aprendemos que cada pessoa é única, sem divisões, entretanto busca incessantemente completar suas desarmonias em tudo que está fora de si, naquilo que lhe faz bem ou simplesmente, em objetos.

Este objeto pode ser uma roupa nova, calçados, viagens, comidas, homens, dentre inúmeros outros que lhe garantam momentos de homeostase. Eleito um desses objetos como fonte de felicidade, faz-se um investimento, sempre para garantir ganhos afetivos (primários) ou materiais (secundários).

Resumindo, toda vez que você coloca suas provisões fora de você mesmo, você estará apenas trocando a mosca, pois, com o perdão da palavra, a merda continuará a mesma. Acredite, o ego só tem um atributo: a razão, até mesmo a emoção é controlada pela razão; tentar buscar pelas próprias mãos o prazer de ser feliz, é utilizar o ego que avalia e fazer bom uso do ego que sente.

Não se ofenda se até aqui as palavras parecem confusas, no dia em que você deixar de acreditar que perdeu algo aprenderá que só perdemos aquilo que achamos que temos e nós não temos nada além do nosso Self. Só teremos tudo o dia em que não nos apegarmos a nada. Essa felicidade tão almejada tem de ser intrínseca pela estrutura do amor.

Quebrar qualquer ilusão, como ter de casar, ter filhos, ter uma casa, bom emprego, é trabalhoso. Por conta dessas ilusões as pessoas estão clivadas, divididas entre aquilo que é empático e o que é egocêntrico. Transferir a responsabilidade pela sua vida para outra pessoa é uma atitude egoísta, a grande conquista é a si mesmo.

Abdique sua atitude egoica, precisamos parar de contar mentiras para nós mesmos, abandonando as inseguranças e as cobranças por reconhecimento. O universo providencia todos os dias instrumentos para sua felicidade. Permita-se ser amado e ajudado. A pessoa que não aceita ser amada está na contramão do Self.

Se você está sofrendo, dê um basta ou continuará sofrendo. Só existe uma verdade: o amor incondicional, sem esperar nada, sem expectativas. Se você ainda espera uma atitude do outro é porque está sendo hipócrita. A hipocrisia é a pior atitude que podemos ter, mais uma vez estamos clivados através dos ganhos que temos na vida.

As vezes a pessoa está tão apoiada nessas mentiras que nem mesmo em terapia conseguirá se libertar, a hipocrisia lhe serve como muleta. Tirar essa muleta em consultório não é caridade, é arrancar a única coisa que lhe sustenta. Um árduo e belo trabalho de individuação está premente, somente através das elaborações desses conflitos internos a paz começará a parecer.

Ninguém evolui sem aprender, sem enfrentar. A verdade que construímos não pode ser diferente da verdade absoluta e você só vive essa verdade absoluta quando deixa de sofrer e você só deixa de sofrer quando se liberta das provisões narcísicas e somente se liberta das provisões narcísicas quando se permite amar e ser amado.

Reflita e reaja: “remendo novo não cabe em roupa velha”.


Fonte: Natthalia Paccola, psicanalista.

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