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Alcoólico em paz

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Arquivos da Tag: Poder Superior

O que importa o que os outros pensam de você?

27 sexta-feira set 2019

Posted by Alcoólico em paz in Citações, Cotidiano, Espiritualidade, Experiências pessoais, Recuperação

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Abstinência, Aprendizado, Coragem, dane-se, Deus, Família, Fé, Força, Metas, Objetivos, Opinião, Otimismo, Poder Superior, Recuperação, Sobriedade

dane-se-1-830x450Sim, uma das principais inquietações de todo o alcoolista ou dependente químico de outras drogas é a respeito da opinião das outras pessoas a respeito de si. Isso é fato. Há quem, em recuperação há algum tempo, saiba lidar com isso, afinal é um dos proveitos da sobriedade. Ainda assim muitos somos aqueles que temos de fazer frequentemente o exercício de apertar o botão de “dane-se”. Quando estamos na ativa ou mesmo nos primeiros tempos de abstinência temos a sensação de que os outros sabem mais de nós do que nós mesmos. Não temos como mensurar as atitudes que tomamos quando estávamos embriagados. Então o temor sobre o arbítrio das outras pessoas se torna uma constante. E aprender a se desatar dessa apreensão é uma das necessidades para uma vida plena em recuperação.

É de um dos grandes escritores gaúchos, morto no início de 1996, Caio Fernando Abreu, a frase: “a água inteira do mar não pode afundar um navio, a menos que ela invada o seu interior (…)”. O que os outros pensam de nós afeta os outros, não a nós. Quem permite que uma opinião nos atinja somos nós mesmos. É claro, responderemos pela consequência de nossas atitudes quando estivemos na ativa. É possível que sejamos prejudicados por pessoas que têm uma opinião formada em nossos tempos ébrios. Mas imagino que o esforço para mudar opiniões é utilizado de forma mais sensata se o dispendemos para nos tornarmos pessoas melhores, ou simplesmente nos mantermos sóbrios.

Sempre haverá pessoas criticando outras pessoas, independentemente de o outro ser alcoolista ou não. E os críticos são a maioria. Steve Jobs disse: “você sempre será criticado por quem faz menos do que você. E nunca será criticado por quem faz mais do que você”. E outro dos requisitos da sobriedade é estarmos fazendo algo a mais, é estarmos nos melhorando a cada dia. Muitas das vezes, se estamos sendo criticados, é porque estamos progredindo. A sobriedade não exige que sejamos perfeitos, mas o melhor que pudermos ser hoje. Precisamos ter convicções de nossas capacidades, conhecermos a nós mesmos. Com essa força, as críticas ou qualquer outra opinião dos outros ficarão em um plano muito inferior em nossas vidas.

Não permita que a opinião dos outros afete sua sobriedade. Tenha um objetivo e corra atrás dele. Esqueça dos problemas sem solução. Aceite que errar de vez em quando faz parte do seu aprendizado. Seja otimista e creia na sua capacidade. Capacite-se. E, acima de tudo, tenha fé em seu Poder Superior. Você vai dar certo.


Escrito pelo editor de Alcoólico em Paz. A reprodução é livre desde que citada a fonte e indicado link para o texto original.

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Bíblia de Estudo Despertar

29 terça-feira nov 2016

Posted by Alcoólico em paz in Livros

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12 Passos, AA, Alcoólicos Anônimos, Católico, Despertar, Despertar Espiritual, Deus, Doze Passos, Espiritual, Espiritualidade, Estudo, Evangélico, Evangelho, Jesus, LEitura, NA, Narcóticos Anônimos, Palavra, Poder Superior

Olha aí, pessoal. Encontrei em uma reunião de A.A. em Garibaldi (RS).

Sinopse: “A obra é dirigida àqueles que buscam o ponto de vista de Deus sobre o processo de recuperação de sua vida ou de um estado de dependência. Tomando como base o programa dos 12 Passos adotado por Alcoólicos Anônimos, a obra oferece recursos que conduzem o leitor a ensinamentos das Escrituras Sagradas que contribuem para a recuperação de sua vida.”

Para comprar pela internet, é só acessar o site da Sociedade Bíblica do Brasil. Ela sai por R$ 55, mais o frete. Mas encontrei mais barato (por até R$ 33) no Mercado Livre.

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Autoconsciência: saber como você se sente e por quê

10 segunda-feira out 2016

Posted by Alcoólico em paz in AA, Cotidiano, Espiritualidade, Experiências pessoais

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12 Passos, AA, Admitimos, Admitir, Alcoólicos, Alcoólicos Anônimos, Alcool, Alcoolismo, Alegria, Autoconsciência, Clareza, cognição, Cognitivo, Consciência, Controle, Decisão, Decisões, Dependência q, Doze Passos, Drogadição, Drogas, Emoções, Emocional, Equilíbrio, Espiritualidade, Estudo, Ferramenta espiritual, Infância, Intimo, Inventário, Inventário Pessoal, Liberdade, Liberdae, Motivação, Pensr, Percepção, Poder Superior, Reações, Realização, Reconhecimeto, Recuperação, Reparações, Responsabilidade, Sentimentos, Sonhos, Terapeuta, Terapia, Tristeza, Valores

Não sei das outras pessoas, mas nós alcoólicos (e acredito que também dependentes de outras drogas) carecemos de aulas de alfabetização emocional. Muitas delas. Adultos mais ou menos normais parecem ter noção dos seus sentimentos. Mais: parecem também saberem, com certa segurança e boa dose de equilíbrio, por que suas mentes ou seus corpos estão reagindo de tal maneira. Nós (ou, acredito, pelo menos a maioria) parecemos não termos essa percepção interna básica, geralmente aprendida na infância.

Bom, mas agora o estrago já está feito. Nosso negócio é consertar. Buscar soluções. Eu faço terapia, mas acredito mesmo é na espiritualidade (que possivelmente me faça pensar e estudar minha existência e meus sentimentos mais do que qualquer terapeuta). Espiritualidade essa que é a base da recuperação, de acordo com os Doze Passos de Alcoólicos Anônimos (A.A.). E é com eles servindo de ferramenta que podemos realizar uma tarefa muito importante e séria em nossas vidas: nomear nossos sentimentos. Ter clareza (por menor que seja) de nossas emoções, do que ocorre em nosso íntimo, é fundamental para que consigamos tomar decisões sóbrias, lúcidas. Em outras palavras: parar de pensar besteira e de fazer bobagem! Porque fazer reparações é preciso, mas viver para isso é masoquismo. Por isso é que procuramos rogar por sanidade ao Poder Superior. Rogar pelo caminho vivo e lúcido da sanidade. E parece ser bem fácil perdermos o rumo quando não somos capazes de reconhecer e administrar minimamente nossas emoções.

Dar atenção a esse mundo interior, com seus defeitos e qualidades, alegrias e tristezas, ânimos e angústias, é que nos capacita a termos um pouco de controle de nós mesmos. Sim, porque o Poder Superior é quem deve estar no comando, mas quem tem de interpretar seus desígnios e agir somos nós. Esse foco interno, tão solicitado, por exemplo no Décimo Passo (“Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente”) nos faz reconhecer o terreno no qual edificamos diariamente nossas obras. Nos dá noção para tomarmos pequenas ou grandes decisões que influenciarão nossas vidas tanto em curto ou longo prazos.

Mas nem é sobre tomada de decisões o mote desta reflexão que faço. Penso puramente no olhar para dentro de nós mesmos. Acho que é assim que podemos entrar em sintonia com o que e mais importante para nós. Em consequência, temos um contato bem claro com os interesses que nos motivam. Ato contínuo, temos lucidez para fazer escolhas que abrandem nossos sofrimentos e acendam nossas alegrias (porque elas existem). E o mais interessante é que essa se torna uma motivação intrínseca, que vem de dentro. Isso aumenta a possibilidade de que, com o tempo, passemos a agir e pensar com o que poderia chamar de responsabilidade emocional, de viver em sintonia com o que é realmente importante para nós, de estabelecer práticas condizentes com nossas crenças e valores que nos aliviem e impulsionem ao mesmo tempo.

O olhar atento e constante para nossas emoções nos permite essas novas experiências (acho que prazerosas em sua maioria). Nomeando nossos sentimentos passamos a perceber o que queremos cultivar em nossas vidas e por quê. Essa competência para entrar em sintonia comigo mesmo e com o que importa para mim é o que estou tentando aprender. A vida passa e agora já consigo ver algumas coisas acontecendo. É como se eu começasse a imaginar/compreender/sentir que tenho um certo leme interno e que posso colocá-lo em direção aos meus valores. E tudo parece florescer quando o trabalho é bem feito.

Há poucos dias estou praticando essa consciência observadora e tentando ponderar meus pensamentos, principalmente nos momentos mais intolerantes, críticos, raivosos até. Tem dado certo. Dá para perceber que já controlo boa parte dos impulsos antes de agir. Esses momentos de pausa passaram a ser um bálsamo, um pouquinho de liberdade para escolher, para administrar as emoções e impulsos em vez de ser terrivelmente controlado por eles.


Escrito pelo editor de Alcoólico em Paz. A reprodução é livre desde que citada a fonte e indicado link para o texto original.

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Cinco competências que nós alcoólicos em recuperação deveríamos desenvolver

04 terça-feira out 2016

Posted by Alcoólico em paz in AA, Cotidiano, Experiências pessoais

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12 Passos, 3ª Tradição, ação, Aceitação, Alcoólicos Anônimos, Alcoolismo, Apadrinhamento, Aprendizagem Social e Emocional, ASE, Atitude, Autoconsciência, Autogestão, Álcool, Bom humor, Compaixão, Competências, Consciência, Crenças, Crescimento, Daniel Goleman, Decisões, Dependência química, Desejo, Deus, Doze Passos, empatia, Fritjof Capra, Habilidade social, Habilidades, Humildade, ingovernável, Irmandade, Madrinha, Padrinho, Poder Superior, Ponto de vista, Recuperação, Tradições, Valores

Quando escrevi o título acima, inicialmente havia colocado “precisamos” no lugar de “deveríamos”. Aí resolvi mudá-lo, pois bem sei como sou e como somos nós alcoólicos: quase sempre reticentes a qualquer imposição. Então, como na irmandade de Alcoólicos Anônimos (A.A.) e outras coirmãs sabiamente o fazem, passo a escrever o texto a seguir meramente como sugestão, embora eu tenha certeza da imperiosidade de levarmos em conta essas cinco habilidades mentais e sociais para vivermos em paz conosco, com nossos próximos e… com o alcoolismo (ou dependência química a outra droga).

Sem delongas, os cinco pontos são: autoconsciência, autogestão, empatia, habilidade social e boa capacidade de tomada de decisões. É claro que não vou conseguir aprofundar todos esses conceitos em um curto post (prometo fazê-lo nos próximos) muito menos tentar encaixá-los na nossa condição de dependentes químicos em recuperação. Sim, pois acredito que seja muito difícil trabalharmos essas questões em nossos interiores encharcados de álcool.

Esses cinco pontos não são novos nem escolhidos ao acaso. Fazem parte de um programa chamado “Aprendizagem Social e Emocional”. Coisa de uma turma de pensadores do pós-modernismo que vivemos como [Daniel] Goleman e seus conceitos de inteligência emocional e [Fritjof] Capra, brilhante com sua teoria sistêmica que consegue enredar em uma mesma teia desde a filosofia taoista até os mais indecifráveis códigos da física quântica.

Bom, mas vamos lá com as tais competências emocionais que tanto poderiam nos ajudar no nosso desenvolvimento e caminhada em recuperação.

1. Autoconsciência

Bem, de certo modo simplista, nada mais é do que a habilidade de sabermos como nos sentimos e por quê. Só que isso dá um trabalho! E é aí que acredito que a presença forte de um(a) padrinho/madrinha faça toda a diferença. Como nós, alcoólicos em recuperação poderíamos almejar a esse primeiro ponto sem praticar com constância e firmeza os primeiro, quarto e décimo passos, pelo menos?

2. Autogestão

Requer que saibamos o que fazer com esses sentimentos que descobrimos no ponto anterior. E talvez essa seja a habilidade mais difícil de ser adquirida pois solicita, ao contrário do que possamos pensar, que nos entreguemos. Pois se tivermos feito bem o Primeiro Passo, sabemos que nossas vidas são ingovernáveis por nossas próprias forças. E é aí que entra o Poder Superior e os segundo e terceiro passos além do décimo primeiro que pede que vivamos “rogando apenas o conhecimento da vontade do Poder Superior em relação a nós e forças para realizarmos essa vontade”.

3. Empatia

É procurar saber o que os outros sentem e pensam, mas, mais do que isso: tentar compreender seus pontos de vista, muitas vezes colocando-nos em seus lugares. Ah… essa, convenhamos, é uma tarefa hercúlea para a maioria de nós. Ainda assim, admitamos, é a que encontra tarefas a serem realizadas na maioria dos Doze Passos. Não é difícil perceber isso se observarmos/estudarmos os oitavo e nono passos, por exemplo.

Desenvolver a empatia requer mais do que humildade para reconhecer que há pontos de vista diferentes. Solicita-nos compaixão para (como refere a etimologia da palavra) “sofrermos juntos com o outro”. Tudo isso admitindo que esse outro tenha valores, sistema de crença e desejos diferentes dos nossos.

4. Habilidade social

Até pode ser confundida com a prática da empatia, mas é coisa bem diferente. Desenvolver habilidade social exige ação! Além, é claro, de se ter bom ânimo e compreensão das habilidades anteriores. Habilidade social grita por atitude. É necessário caminhar, trilhar. É preciso trocar mensagens e telefonemas com frequência, sair junto para um café ou reunião, fazer algumas viagens, lembrar de várias datas… e tudo isso relacionando-se com várias pessoas.

Mas o mais difícil disso tudo (e abri um novo parágrafo justamente para destacar isso) é que precisamos sorrir. Voluntária e sinceramente! Chorar também, claro, mas nisso já somos craques.

5. Boa capacidade para tomada de decisões

Não é aquela eterna busca pelo caminho certo que não existe. Acredito que tenha mais a ver com o melhor caminho (torcendo sempre para que seja o mais correto… hehe). Acho que é o ponto crucial de todas as cinco competências listadas aqui. De nada adianta conhecer todo o programa de A.A., frequentar reuniões, etc. se falharmos na hora de tomar as decisões, seja elas quais forem. Afinal, viver é tomar decisões a todo o instante.

Uma coisa é certa: precisamos de bom humor. Sou partidário da prática de rir de si mesmo. O bom humor acalma e, caso o riso seja em função de alguma falha, a diminuição da ansiedade que ele promove ajuda a pensarmos melhor na reparação.

Por último, sempre é bom lembrar que a principal tomada de decisão para nós alcoólicos refere-se à Terceira Tradição de A.A.: “Para ser membro, o único requisito é o desejo de parar de beber”.


Escrito pelo editor do blog Alcoólico em Paz. É livre a reprodução, desde que citada a fonte e indicado link para matéria original.

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Há solução para o que chamamos de cansaço

30 sexta-feira set 2016

Posted by Alcoólico em paz in AA, Cotidiano, Espiritualidade, Experiências pessoais, Narcóticos Anônimos

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12 Passos, AA, Aceitação, Alcoólicos Anônimos, Cansaço, Cansao, Capuchinho, Católica, Catolicismo, Dependência química, Deus, Elias, Espiritualidade, Fé, Frei Elias Vella, Igreja, Louvar, Melancolia, Mente Aberta, Passos, Poder Superior, Pregação, Religiosidade, Reunião, Reuniões, Serenidade, Tristeza, Vella, Vontade

Este não é um site religioso, embora, assim como a irmandade de Alcoólicos Anônimos (AA), o espiritual é levado em conta… mais: é tido como fundamental para a recuperação do alcoolismo e da dependência química a outras drogas. Pois bem, feita essa ressalva, passo a comentar que, dia desses, ouvi uma pregação do frei Elias Vella. Nascido na ilha de Malta, pregou em inglês. E isso fez toda a diferença, pois a simplicidade das palavras e dos tempos verbais são incomparavelmente mais fáceis de se entender do que o empolamento dado à Palavra pela igreja católica em português. Bom, mais uma ressalva feita, segue uma frase que me trouxe um sentido especial à adoração a Deus (da forma que o concebemos). Disse o frei:

“Quando louvamos a Deus, mudamos nós a Deus, e não Deus a nós”.

Sei que isso não é novo. Muitos já ouvimos que devemos prestar muita atenção quando oramos “seja feita a Tua vontade” (por consequência, não a nossa). Mas o que aquele senhor disse foi de certa forma mais profundo. Ainda não sei se pela imposição da voz, ou pela espiritualidade que pairava no ginásio lotado, mas fez ainda mais sentido quando ele, em sequência, lembrou uma fala de Jesus: “Venham a mim os que estão cansados e eu os aliviarei”. E quantas vezes temos repetido uns para os outros, para nossas famílias, para nossos empregadores, para nossos amigos e em reuniões de AA aquela curta frase, geralmente precedida de um suspiro: “estou cansado!”.

E poucos conseguem entender esse cansaço que sentimos. Não é fadiga, não é tristeza ou melancolia… é cansaço. Uma sensação de que, por mais que façamos, ainda não conseguimos estabilizar nossas vidas como queremos. Sim, há um pouco de expectativa exagerada em alguns casos, mas não na maioria. De certa forma, acredito que todos nós alcoólicos estaremos cansados, a não ser que tomemos as providências que os 12 Passos nos propõem. E qual a tônica da grande maioria dos Passos? A espiritualidade! Seja ela qual for.

E é então que lembro de outro mote exaltado pelo frei Elias. “Sei, em minha mente, que Deus me ama, mas não sinto isso em meu coração. Sinto-me só”. E agora acredito que é exatamente essa solidão que nos faz viver cansados. Queremos estar vivos. Mas para isso (nossos 12 Passos também nos dizem), precisamos viver a espiritualidade. Precisamos estar de fato preparados para darmos diariamente os três primeiros passos. Admitir que nossas vidas são ingovernáveis por nós mesmos (mas por um Poder Superior), acreditar que esse Poder existe e entregar não só nossas vidas, mas nossa vontade em suas mãos, pois a vontade Dele é que vivamos felizes.

Para isso, volto a lembrar da frase dita no início deste texto: “Quando louvamos a Deus, mudamos nós a Deus, e não Deus a nós”. Tenhamos, portanto, coragem de nos entregar, serenidade para aguardar o tempo certo das coisas e mente aberta para aceitarmos a espiritualidade.


Saiba mais sobre Frei Elias Vella

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Existem dois cães brigando dentro de nós, alcoólicos em recuperação

24 quarta-feira fev 2016

Posted by Alcoólico em paz in AA, Al-anon e Alateen, Cotidiano, Experiências pessoais, Narcóticos Anônimos

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AA, Alcoólatra, Alcoólico, Alcoólicos Anônimos, Bom, Briga, Brigando, Cachorro bom, Cachorro mal, Cachorro mau, Clínica, Combate, Consultor, Despertar Espiritual, Disputa, Emoção, Emoções, Empoderar, Espírito, Indígenas, Indios, Lobo, Lobo bom, Lobo mal, Lobo mau, Mau, Max Weber, Médico, Narcóticos Anônimos, Poder, Poder Superior, Psicóloga, Psicólogo, Psiquiatra, Racional, Razão, Recuperação, Só por hoje, Sofrimento

Sempre ouvi a fábula dos dois lobos, o bom e o mau, brigando dentro da gente. Tive o prazer (ou a sorte, quem sabe) de ter um consultor em uma clínica que ampliou essa questão. Confesso que não lembro exatamente qual foram suas palavras, nem mesmo o enfoque específico. Mas, como místico que é (pelo menos era – e acredito que até xamanista) o tal consultor, refletia observações a respeito daquele antigo (não diria lenda) ensinamento passado de geração em geração, geralmente atribuído a populações nativas norte-americanas: a dos dois lobos. Diz assim:

Conta uma antiga lenda que, certa noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas.
Ele disse:
_ Há uma batalha entre dois lobos que vivem dentro de todos nós. Um é mau: é raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, orgulho falso, superioridade e ego. O outro é bom: é alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.
O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô.
_ Qual lobo vence?
Então o velho índio respondeu.
_ Geralmente vence aquele que você alimenta mais.

Por alguns anos, essa estória metafórica me fez pensar muitas vezes. Mas talvez tenha sido só agora, em recuperação assistida, e depois de tanto sofrer, e depois de uma certa idade, e depois de uma certa caminhada… que eu encontrei uma pessoa com quem pude conversar mais a respeito.
_ São dois cães brigando constantemente dentro da mente e da alma de um dependente químico. E, muitas vezes, não é questão de alimentá-los, é questão de saber domá-los.

Disse ainda mais (e é aí que eu considero o pulo-do-gato):
_ A questão é que você pode empoderar mais um do que outro…

Em função de minha formação acadêmica, acabei lendo bastante um dos pais da Sociologia, Max Weber. De acordo com ele, para um bom funcionamento da sociedade (aqui resumimos para o indivíduo), é preciso que haja algo que force a pessoa a agir de tal forma. Weber chamou esse elemento diferencial e inerente ao ser humano de “espírito”. Nesse contexto, ele se referia a “espírito” como um sistema de máximas do comportamento humano baseado em uma ética comum.

Parece bem complicado, né? Mas na verdade é bem simples. Uma pessoa ou algo só tem poder sobre ti ou sobre um grupo social se tu ou esse grupo social legitima esse poder. Ou seja, se considera que esse poder é verdadeiro.

E é aí que eu entro com minha experiência pessoal. Até então, empoderei minhas emoções em detrimento de minha razão. Acreditava piamente que eu deveria aprender a controlar minhas emoções para poder ter acesso a uma razão teórica ou básica E SOMENTE ENTÃO pudesse permanecer abstêmio ou até atingir algo de sobriedade. Essa visão é proclamada em clínicas, grupos de apoio e pela maioria dos profissionais que se dizem especialistas em dependência química. Mas agora, depois de desintoxicado e com certa capacidade de entendimento de minha doença, pela primeira vez (acredito) percebi que a razão (o que aqui chamo de lobo ou cachorro bom) consegue se interpor ao pote de emoções o qual minha existência foi enchendo.

Sim, mesmo sendo uma doença física, mental, (muitos dizem também espiritual) e sem cura, o alcoolismo pode sim, ser pelo menos estacionado por um lobo bom, o lobo da razão. Acredito que, como aquela máxima de A.A. ou N.A. que diz que umas pessoas conseguem se superar por estarem cansadas de sofrer e outras por necessidade de permanecer vivas, essa batalha realmente existe. Porém…

Acredito que chega a um certo ponto de que pessoas que ainda têm um “direito” de viver, ou seja, podem ainda recuperar suas vidas, conseguem fazer com que o cachorro bom prevaleça. “Deu! Chega!” … quem sabe um despertar espiritual, como diz na literatura de A.A.

E é assim que, pela primeira vez nesses 25 anos de agruras, meu lado racional está conseguindo sobreviver, ou melhor, se fazer maior.

Hoje tenho um grande pote de emoções. Um grande pote. Mas só vou mexer nele à medida que posso. Hoje tenho prazer em viver, mesmo com meus problemas e os problemas dos outros… Hoje vejo o pote de emoções e decido o que tirar de lá para resolver, pensar, solucionar… O mais, que fique lá. Fique nesse grande pote. E não me incomode. Só por hoje.


Escrito pelo editor. A reprodução é livre desde que citada a fonte e, preferencialmente, o link para este blog.

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Um novo ano, mas não uma nova etapa

08 sexta-feira jan 2016

Posted by Alcoólico em paz in AA, Cotidiano, Experiências pessoais, Narcóticos Anônimos

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2014, 2015, 2016, A.A., AA, Abstinência, Alcoólico, Alcoólicos Anônimos, Alcoolismo, Apio, Comapnheiro, Companheiros, Confiança, Despertar Espiritual, Distância, Família, Familiares, Indignação, Luta, Luz, Mágoa, N.A., NA, Narcóticos Anônimos, Padrinho, Poço, Poder Superior, Post, Recomeço, Recuperação, Sucesso], Tristeza

Neste final de ano de 2015, estive lendo os posts que publiquei no último dia de 2014 e no primeiro de 2015. Naquela época (não me perguntem como) publicava um texto por dia. Pois lendo o Feliz último dia do ano e O primeiro dia do ano fiquei um tanto atônito com as grandes mudanças que ocorreram em minha recuperação nos 365 dias que se passaram. Sim, a realidade agora é bem diferente. Embora tenha ocorrido muitas dificuldades e até uma recaída, de certa forma inusitada, tudo deu certo. Certo até demais. Hoje estou feliz, novamente em paz, e levando uma boa vida, fruto do meu esforço e da intercessão de companheiros leais e de um Deus amoroso que nunca desistiu de mim.

Hoje estou em uma nova fase. Meu primeiro ano de recuperação, mesmo com um grande deslise, se mostrou um grato sucesso. Todos os planos foram realizados e com mais vitórias do que tinha imaginado. Hoje tenho finalmente um padrinho e companheiros se verdade, que me dão apoio quando preciso. São verdadeiros amigos com quem, mesmo a distância, são pessoas com quem posso contar. O mais legal é que eles também têm seus defeitos, sabem disso e se esmeram em resolvê-los.

Na verdade, passei os últimos dias pensando no que escrever nesse primeiro post de 2016. Muitas questões vieram-me à memória nesses dias, mas delas nenhuma consigo me lembrar agora. E o cursor piscando na tela inquirindo-me o porquê já não me deixa nem um pouco preocupado. O fato principal é: TUDO VAI DAR CERTO. Tudo dá certo no final. Ou melhor, não no final, diria no decorrer do processo.

Tenho vários planos para este ano que se inicia, mas não os coloquei no papel. Só uma coisa é certa: vou trabalhar os passos com meu padrinho e vou me esmerar para que isso ocorra da forma mais tranquila possível. Outra meta é manter a minha espiritualidade em alta, o que vem ocorrendo desde agosto do ano passado. Isso foi fundamental para a minha volta por cima depois da recaída. Preciso também (o que já estou fazendo há algum tempo) afastar-me das pessoas que não confiaram em mim e que, mesmo achando que estavam ajudando, deram por terra arrasada minha recuperação. Aproximei-me daqueles que confiaram em mim e no meu casamento. Aqueles que não sucumbiram com a ideia de que a vida pela qual eu havia lutado nesses 23 anos de alcoolismo deveria acabar, aqueles que pensaram (e foram taxativos) de que eu deveria tomar outro caminho, largar tudo pelo qual lutei e ir em busca de um novo destino. Neguei-me a essa ideia e tem dado certo. Deus, na forma em que eu O concebo teve piedade e revelou coisas novas, novos modos de fazer as coisas e tudo tem dado muito certo.

Também estou contrariando várias ideias (sei, estou repetindo a palavra “ideia”) como dedicar-me a grupos de Alcoólicos Anônimos. Existem muitos membros de A.A. e de Narcóticos Anônimos (N.A.) que são fenomenais seguindo os princípios das irmandades. Mas também há muitos (a maioria) que são um poço de tristeza, mágoa, desespero, agonia, incredulidade até. Desses me afastei para a boa convivência comigo mesmo.

De qualquer forma, só gostaria de dizer que estou bem. Confiante na minha recuperação e feliz a cada dia com minha filha que me ajuda a me reeditar como ser humano (mas isso é assunto para outro post). Acredito que a produção no site vai aumentar nos próximos dias, uma vez que tenho muito a falar. Espero poder continuar ajudando mais alguém além de mim.

Abraços a todos, muitas 24 horas e um 2016 cheio de paz e de Luz para todos.

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Recaída e recomeço: onde a serenidade, a coragem e a sabedoria se encontram

29 sábado ago 2015

Posted by Alcoólico em paz in AA, Experiências pessoais, Narcóticos Anônimos

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12 Passos, 12º Passo, 1º Passo, 24 horas, 5º Passo, A.A., AA, Ajuda, Alcoólicos Anônimos, Alcoolismo, Caminhada, Coragem, Décimo Segundo Passo, Declaração de Responsabilidade, Deus, Falhas, Honestidade, Humildade, Oração da Serenidade, Passos, Poder Superior, Primeiro Passo, Quinto Passo, Recaída, Recomeço, Recuperação, Responsabilidade, Retorno, Reunião, Sabedoria, Só por hoje, Serenidade, Termo de Responsabilidade, Tropeço, Vida

Zerar o cronômetro da recuperação é talvez a questão mais dolorosa na vida de um alcoólico. Mas acredito que também seja uma das tarefas que exigem mais coragem e determinação. Zerar o cronômetro, para mim significa recomeçar. A recaída é uma desgraça, tudo bem. Nunca tem um motivo claro, geralmente são várias gotas que encheram o copo até transbordar. Mas identificar, avaliar e reconhecer todos esses erros é tarefa para depois. Agora o que importa é continuar a caminhada. O que realmente tem peso é que ainda há esperança, que não desistimos, que acreditamos que podemos viver uma existência digna e feliz, não importa quantas perdas sofremos com o tropeço.

É sempre difícil escrever sobre recaída. Por isso, prefiro focar no recomeço, o que quase invariavelmente passa pelo retorno a uma sala de Alcoólicos Anônimos. Para muitos, esse é um ato de muita humildade, mente aberta e coragem. Mas acredito que há uma atitude bem mais complicada: procurar um companheiro e quase que fazer um Quinto Passo, admitindo a derrota e a natureza exata de nossas falhas. Sim, pedir ajuda olhando nos olhos de outro ser humano é talvez mais difícil do que entrar em uma reunião de A.A. e solicitar outra ficha amarela. Meu Deus, como é preciso ter boa vontade para cometer esse gesto!

De todas as vezes que recaí nesses quase 23 anos de alcoolismo identificado, foi somente no último retorno que consegui tomar essa atitude. E isso foi fundamental. Confiei em um homem que, graças a um Poder Superior, teve a grandeza de honrar, sem pestanejar, a Declaração de Responsabilidade de A.A. (“Eu sou responsável. Quando qualquer um, seja aonde for, estender a mão pedindo ajuda, quero que a mão de A.A. esteja sempre ali. E por isto, eu sou responsável”). Jamais vou esquecer daquele olhar de quem, mesmo demonstrando muita calma, foi honesto em reconhecer que talvez não soubesse como e se poderia ajudar, mas que estaria sempre ao meu lado, seja onde for, a hora que for e faria de tudo para que eu voltasse à vida.

Foi em um café da bela Rua da República, por onde passa o Paralelo 30° no bairro Cidade Baixa, o mais boêmio de Porto Alegre, que os três principais elementos da Oração da Serenidade se encontraram. A coragem de alguém pedindo ajuda, a sabedoria de quem estava ajudando e a serenidade que se estabeleceu em minha alma e que permanece até agora em minha recuperação. Eu estava novamente dando o Primeiro e ele o Décimo Segundo Passo. Foi nessa conjunção que compreendi que eu não havia voltado à estaca zero, mas apenas recomeçando uma caminhada. Cronômetro zerado, mas isso não importava mais. O que importa são as 24 horas, só por hoje.

_ Muito obrigado, Zeca!
_ O que é isso… eu é que agradeço por poder ser útil.

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Tolerância sobre julgamentos infundados

28 terça-feira abr 2015

Posted by Alcoólico em paz in AA, Cotidiano, Experiências pessoais

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Na literatura de Alcoólicos Anônimos está escrito que devemos reconhecer que sabemos pouco e ter a confiança de que Deus constantemente nos revelará cada vez mais. Para tanto, precisamos manter nossas mentes abertas e nos perguntar diariamente em nossas meditações sobre o que podemos fazer pelo homem doente. Diz também que as respostas virão se estivermos preparados. Hoje preciso de respostas, e de certa forma, acredito que as estou recebendo, graças à minha boa vontade e um pouco de humildade.

Há pouco tempo, quando eu era julgado injustamente, ficava muito irado. Muitas coisas eu fazia de errado, mas compreender que as pessoas podem te julgar erroneamente justamente por aquilo que eu não tinha culpa era algo inconcebível. Ontem eu celebrava meu aniversário de 40 anos e o consultor da clínica onde fiz tratamento telefonou. Em princípio, achei que fosse para me parabenizar, mas foi para me perguntar se eu havia abandonado uma gata na clínica, a qual eu havia visitado dois dias antes. Na verdade, ele jamais desconfiou de mim. Resolveu ligar para, ouvindo minha negativa, ir em minha defesa, pois o comentário estava ocorrendo em função de um funcionário ter lembrado que postei, dias antes em meu perfil no Facebook sobre o atropelamento e morte de minha gatinha Amy, muito parecida com a que surgiu misteriosamente na clínica. Acreditavam que eu havia me livrado do bicho por lá para que não convivesse mais com minha filha de um ano e nove meses.

Coisa totalmente infundada. Há pelo menos 20 anos milito pela causa animal. Fui vegetariano por 16 anos exclusivamente por compaixão aos bichos. Perdi as contas de quantos cães e gatos minha esposa e eu retiremos das ruas, esterilizamos e doamos para pessoas responsáveis. Por dois anos consecutivos, em 2002 e 2003, o projeto do qual fizemos parte em Santa Maria, Rio Grande do Sul, recebeu em Londres o prêmio de melhor programa de bem-estar animal do mundo, concedido pela Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA, sigla em inglês para World Society for Protection of Animals), a entidade mais respeitada do planeta na área. A própria Amy, foi resgatada prenhe das ruas. Os gatinhos foram doados e ela acabou ficando em nossa família. Isso há sete anos. Mudamos cinco vezes de residência e foi sempre junto. Ela participou de toda a gravidez de minha esposa, dormia junto na cama conosco e no berço com nossa bebê. Na postagem no Facebook, inclusive coloquei um vídeo (clique aqui para ver) da pequena brincando com a gata, enchendo a boca de pelos, e eu rindo, sem qualquer medo de que o bichano iria prejudicar nossa filhinha.

Incrivelmente, não consigo sentir nenhum pouco de raiva, indignação, revolta ou qualquer outro sentimento que seria normal em mim quando não estava em recuperação. Sinto pelo funcionário que, em recuperação há mais de nove anos, parece que ainda não teve iluminação a ponto de aventar um julgamento desses sobre outra pessoa. Na realidade, não sei bem em que tom se deu a “acusação”, mas para chegar ao ponto de meu consultor, que nunca havia me ligado nesses cinco anos de convivência fraterna, ter telefonado para sanar a dúvida, é porque algo de substancial havia nos rumores.

Continuo triste pela perda de nossa gatinha tão querida e amada, ainda mais porque fui eu quem a atropelou. Mas estou muito feliz por não estar sentindo nenhum tipo de revolta com o julgamento infundado. Ao contrário, estou ainda mais certo de que devo voltar à clínica mensalmente para fazer meu voluntariado. Não sei se tenho algo para dar, não pretendo ser exemplo para ninguém (o que disse com todas as letras aos internos durante uma das palestras em que fui solicitado a falar neste final de semana), mas certamente tenho muito a ganhar convivendo com meus companheiros de doença.

O que está escrito no livro “Reflexões Diárias” de A.A. no dia 27 de abril, dia de meu aniversário e no qual se deu toda a situação, reflete muito bem o que devo ter em minha mente no momento: “Sobriedade é uma jornada de descobertas alegres. Cada dia traz nova experiência, percepção, maiores esperanças, fé mais profunda, tolerância aumentada. Devo manter esses atributos, ou não terei nada para transmitir”.

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O ponto de equilíbrio e a sensação de estarmos curados

22 quarta-feira abr 2015

Posted by Alcoólico em paz in AA, Cotidiano, Experiências pessoais, Narcóticos Anônimos

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12 Passos, A.A., AA, Albert Einstein, Alcoólicos Anônimos, Alcoolismo, Beber destrutivo, Bicicleta, Boa Vontade, Compulsão, Cura, Doença, Doze Passos, Equilíbrio, Força de Vontade, Incurável, Momentos mágicos, Momentos Plenos, Obsessão, Paternidade, Poder Superior, Primeiro Passo, Privilégos, Recaída, Recuperação, Responsabilidade, Segundo Passo, Sobriedade, Terceiro Passo

Alcoolismo é uma doença lenta, progressiva, de consequências fatais e… não tem cura. Isso todo mundo sabe (ou deveria). O que muitos de nós, alcoólicos em recuperação, não conseguimos entender é a sensação de estarmos curados de que somos tomados em algum momento da caminhada. Geralmente esse estado de espírito recorrente é alcançado ao se seguir metódica e fielmente o programa de Alcoólicos Anônimos. Motivo de grande parte das recaídas, essa sensação de liberdade é tão intensa que é fácil encontrar em salas de A.A. companheiros retornando com relatos de que, em algum momento da sobriedade, suas mentes enfermas os fizeram crer que não eram doentes, que, afinal, essa questão de alcoolismo teria sido apenas uma fase ruim em suas vidas.

No meu caso, o despertar espiritual proporcionou-me uma sensação semelhante de forma instantânea. Desde então, e de um momento para outro, não tive mais vontade de beber, a compulsão parecia ter-se ido. Mas, em contato constante com A.A., sempre tive o cuidado de manter a mente aberta para saber que, em algum lugar escondido de meu inconsciente, aquela obsessão pelo beber destrutivo sempre estará lá. Ela fica ali, escondida, a espera de um deslize, de um momento em que posso fechar meus olhos para os defeitos de caráter que tenho de trabalhar.

O que chamo de ponto de equilíbrio chegou após receber a ficha de três meses de abstinência, no meu caso, acredito que de sobriedade também. Foi quando parei de tomar medicação e a sensação de paz e de controle sobreveio com ainda mais firmeza. Porém, a menos de uma semana dos meus seis meses, percebo ao fazer diariamente o 11º Passo (Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade), que o caminho ainda é longo e que ainda cometo deslizes de comportamento que, mesmo mínimos, podem ser as sementes de um desvio desastroso. Nesses momentos é que fortaleço minha boa vontade e, algumas vezes, uso também de força de vontade para clarear o caminho e manter o trem nos trilhos.

Tem uma frase de que gosto muito que diz: “nossas responsabilidades são do tamanho de nossos privilégios”. Acredito que é justamente nisso que devemos pensar quando vivemos no ponto de equilíbrio. Certamente que viveremos momentos plenos, haverá tempo em que lamentaremos os momentos mágicos perdidos, mas penso que viver no ponto de equilíbrio é bem mais assustador. Tudo normal, vida normal. Contas para pagar, trabalho por fazer, estudo e meditação, filhos para dar e receber carinho, descansar, se divertir, ser feliz. Isso tudo (e mais um pouco) são privilégios que devemos manter sendo responsáveis com nossa recuperação.

E somos responsáveis com nossa recuperação quando refizemos diariamente o Primeiro Passo, não só admitindo nossa impotência perante o álcool, mas também que nossas vidas são ingovernáveis. Então, por consequência nos obrigamos a dar o Segundo e o Terceiro, vindo a acreditar em um Poder Superior e entregando nossa vida e nossa vontade em suas mãos. Somos responsáveis quando nos colocamos dispostos, diariamente, a seguir o programa de Doze Passos de A.A. E então seguimos na dádiva do ponto de equilíbrio. Para encerrar, lembro de uma outra frase, esta de Albert Einstein: “A vida é como andar de bicicleta: para estar em equilíbrio você deve se manter em movimento”.

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