• :. Sobre o autor e este blog
  • :. Orientações de AA para páginas na internet e a adequação deste blog a elas

Alcoólico em paz

Alcoólico em paz

Arquivos da Tag: Psiquiatria

Autocontrole e foco em objetivos ajuda a lidar com emoções destrutivas

14 sexta-feira out 2016

Posted by Alcoólico em paz in AA, Al-anon e Alateen, Ciência, Cotidiano, Experiências pessoais

≈ Deixe um comentário

Tags

11º Passo, 1º Passo, 2º Passo, 3º Passo, A.A., AA, Admissão, Admitir, Alcoólatra, Alcoólicos Anônimos, Alcoolismo, Análise, Auto-suficiência, Autoconsciência, Autocontrole, Autossuficiência, Auutoconsciência, Álcool, Bill W., Capacidade, Cérebro, cognição, Cognitivo, Companheiro, Conhecimento, Controle, Coragem, Décimo Primeiro Passo, Desafio, Doença, Doença Mental, Drogadição, Drogas, Emoção, Emoções, Escoha, Estudo, Foco, Foco interno, Habilidade, Madrinha, Marschmallow, Marshmallow, Meta, Narcóticos Anônimos, Padrinho, Percepção, Pesquisa, Primeiro Passo, Psicóloga, Psicólogo, Psicologia, Psiqiatra, Psiquiatria, Raciocínio, Recuperação, Rumo, Saúde, Saúde Mental, Segundo Passo, Segurança, sentimento, Stanford, Terceiro Passo, Teste do marschmalow, Teste do mashmallow, Vontade, Walter Mischel

Já de início deixo claro que esse “autocontrole” do título nada tem a ver com a autossuficiência, perigo muito bem lembrado no Terceiro Passo de Alcoólicos Anônimos (A.A.) e bem explicado por Bill W. quando escreve em “Os Doze Passos e As Doze Tradições”: “nada poderá ser feito com apenas a sua coragem e a sua vontade desassistida”. É bom que saibam, igualmente, que não sou profissional em saúde mental, mas apenas um alcoólico que na busca diária pela recuperação lê sobre o assunto, conversa com companheiros, faz análise, pensa um pouco e gosta de escrever. É dessa forma que eu melhoro minha recuperação e acho que ajudo outros iguais a levarem uma vida melhor.

Bem, vamos ao que interessa. Em um post anterior (Autoconsciência: saber como você se sente e por quê), percebi a importância do foco interno, do olhar para si mesmo, para a busca contínua pelo conhecimento de nossos sentimento e emoções. E essa (mesmo que tênue) autoconsciência nos permite que tenhamos uma cera capacidade de controle sobre nossas escolhas. Sim, porque mesmo que demos com segurança o Primeiro Passo de A.A., admitindo a perda do controle sobre nossas vidas, ainda seremos nós quem teremos que tomar as decisões. Mesmo que viemos a acreditar em um Poder Superior (PS) e entreguemos nossa vida e nossa vontade em Suas mãos (2º e 3º Passos), na hora de tomarmos uma atitude, somos nós quem devemos decidir. E isso parece estar bem claro no Décimo Primeiro Passo, no qual rogamos ao PS apenas o conhecimento de sua vontade e forças para realizá-la.

E uma habilidade interessante de desenvolvermos é a capacidade de mantermos nossa atenção em nossas metas (se não as têm, recorra ao seu padrinho/madrinha e estabeleça algumas). No meu caso é bem difícil vagar pelos dias sem rumo para o qual devo firmar meu leme. Sempre precisei de um padrinho, embora seja somente agora, após quase 20 anos de desgaste, que consegui encontrar um. Bom… essa capacidade de mantermos osso olhar em objetivos claros é chamada de controle cognitivo. Cognição é o processo mental de percepção, na prática, nosso raciocínio. Sim, já li alguns artigos e há muita dissertação de mestrado e tese de doutorado, etc. falando do processo cognitivo, do raciocínio, da lógica particular tanto de alcoólicos quanto de dependentes químicos de outras drogas. Mas o que quero frisar aqui, quando falo de autocontrole, tem a ver com nossa dificuldade (quase incapacidade) de postergar gratificações.

Você já deve ter lido sobre ou pelo menos ouvido falar do “teste do marshmallow”. Aquele experimento feito na década de 1970 na Universidade Stanford. Um psicólogo chamado Walter Mischel basicamente colocou crianças da turma da pré-escola em frente a guloseima e impunha a regra de que, se ela ficasse por um determinado tempo olhando para o doce sem comê-lo, ganharia outros mais. Porém, se não conseguisse se manter afastado do marshmallow, ficaria apenas com aquele que comeu. Bom, o teste teve suas variações ao longo do tempo e dezenas de crianças foram observadas até a idade adulta (blá-blá) e aqueles que conseguiram se conter se deram melhor na vida (blá-blá) e… tinham mais determinação no que faziam, foco em suas metas, objetivos bem definidos e assegurados em suas vidas.

Pois é aí que eu proponho o desafio de fazermos o caminho contrário! Já que temos dificuldades em postergar nossas satisfações (bebemos todas/usamos tudo), quem sabe escolhendo objetivos concretos, traçando metas (ou seja, fixando prazos) reais, apurando/trabalhando nosso foco, podemos alcançar maior nível de autocontrole. Uma habilidade ótima para se tornar, mesmo que inata, intrínseca, natural. Acredito que com um bom padrinho/madrinha servindo de base isso é bem possível.

Mas uma coisa muito interessante é que esse controle cognitivo, de acordo com estudos e pesquisas, é uma característica encontrada em pessoas que conseguem lidar melhor com suas emoções destrutivas. É como se fosse um bônus. Parece que o cérebro usa os mesmos mecanismos que processa as atitudes de autocontrole para que o sujeito tenha melhor ânimo, maior positividade, vontade de ser feliz. Legal, né?! Exercitamos nossa boa relação com escolhas imediatas e ainda recebemos uma forte motivação natural.

Acho que vale a pena tentar. É um bom exercício de recuperação (a meu ver, é claro). Só mais 24 horas… Só por hoje… e nosso bônus vai aumentando. Qualquer um de nós sabe o quão bom e valioso é mais um dia em recuperação. Vamos em frente! Vamos?!!


Escrito pelo editor de Alcoólico em Paz. A reprodução é livre desde que citada a fonte e indicado link para o texto original.

Anúncios

Avalie isto:

Compartilhe isso:

  • Facebook
  • Google
  • Twitter
  • E-mail
  • Imprimir

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Distimia: o tratamento para ela pode ser a chave para estacionar seu alcoolismo

15 segunda-feira fev 2016

Posted by Alcoólico em paz in Al-anon e Alateen, Ciência, Cotidiano, Experiências pessoais, Narcóticos Anônimos, Notícias

≈ Deixe um comentário

Tags

Abuso, Alcoólatra, Alcool, Alcoolismo, Anônimo, Angústia, Apetite, Autoestima, Baixa autoestima, Clínica, Criatividade, Dependência química, Depoimento, Depressão, descontentamento, Desesperança, Desinteresse, Desmotivação, Desmotivado, Dificuldade, Distímico, Distimia, Drauzio Varella, Drogas, Falta de capacidade, Família, Hospital, Internação, Irritabilidade], Isolamento, Maternidade, Mau humor, Medicação, Medicamentos, Memória, Paternidade, pós-parto, Pessimismo, Prazer, Psicólogo, Psicoterapia, Psiquiatra, Psiquiatria, Relações, Sono, Tensão, Terapia, Trabalho, Tristeza

Pelo menos nesses últimos 10 anos de busca pelo controle de meu alcoolismo, o que inclui consultas a dezenas de psicólogos, psiquiatras, uso de vários medicamentos e pelo menos cinco internações em clínicas para dependência química ou mesmo em hospital psiquiátrico, finalmente encontrei na literatura médica algo que possa me dar um alento. Uma palavrinha difícil e com conceito bem específico pode ser a chave para meu comportamento alcoólico: distimia. Depois de muito pesquisar, resolvi escrever este post na tentativa de ajudar outros que possam estar passando pela mesma situação que eu. Estou sob atendimento de terapeuta familiar, três psiquiatras e um psicólogo, todos especialistas em dependência química ou especificamente alcoolismo. Ainda considerando estar à beira do abismo da recaída, acho que estamos chegando a vitórias expressivas. Pois, bem. Vamos lá.

Afinal, o que é distimia?

De acordo com o médico psiquiatra, coordenador do Ambulatório de Transtornos Alimentares do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Táki Cordás é uma palavra que vem do grego e significa mau humor. Durante séculos, serviu para caracterizar o sujeito mal humorado, irritadiço, de personalidade complicada. Atualmente, o termo distimia é empregado para designar um subtipo da depressão. Ainda de acordo com ele, na maioria das vezes, o distímico abusa do álcool para aliviar a tensão.

_ Na distimia, não é tanto o comportamento explosivo que chama a atenção. É a irritabilidade. No entanto, quando se avalia o paciente pela primeira vez, é difícil diferenciar distimia de depressão. Embora seja uma depressão mais leve, ela deixa o indivíduo predominantemente mais triste, desanimado, sem vontade de agir. Às vezes, dependendo do nível cultural, torna-se pedante, acha que nada está bom nem é original, não vê nada de novo sobre a face da Terra que mereça sua atenção. São pessoas que passam a maior parte do tempo irritadas, mal humoradas.

Qual a relação entre distimia e alcoolismo?

Ainda de acordo com Cordás, existe uma coisa interessante no tratamento dessas pessoas. Pacientes com depressão são medicados por algum tempo e, quando retornam para consulta, estão animados e dispostos. Já para os distímicos é difícil estabelecer um padrão de normalidade porque eles não têm memória de como eram antes. Não lembram como é o seu humor normal. Parece que foram sempre daquele jeito mesmo.

_ É comum o uso de drogas lícitas e ilícitas e de tranquilizantes. Muitas vezes, as drogas representam uma espécie inadequada de autotratamento para diminuir a angústia, a irritação e o mal-estar. O álcool é o tranquilizante mais antigo que se conhece. O homem pré-histórico tomava álcool para ficar mais calmo. De fato, num primeiro momento, deixa o indivíduo mais tranquilo e seu humor melhora um pouco. Algumas horas depois ou no dia seguinte, aumentam os sintomas de depressão e a irritabilidade. O pior é que, a longo prazo, além da distimia, a pessoa tem que encarar a dependência do álcool.

Medicamentos ou terapia?

Tanto as drogas quanto a psicoterapia ajudam pacientes com distimia. Os antidepressivos corrigem o distúrbio biológico e eles melhoram. No entanto, os relacionamentos que estabeleceram ao longo da vida estão marcados pela imagem do sujeito irritado, que reclama de tudo e briga por qualquer coisa. Não é por causa dessa mudança biológica do humor que, de uma hora para outra, tudo vai se acertar. Por isso, são encaminhados para a psicoterapia para aprender novas possibilidades de estabelecer relações.

_ Imagine um indivíduo coxo que, durante dez anos, andou com dificuldade, mas teve seu problema ortopédico corrigido por uma cirurgia. Ele precisa fazer fisioterapia para corrigir a postura que esteve alterada por tanto tempo e perceber o espaço que ocupa agora para movimentar-se. Na verdade, ele precisa reaprender a andar. É mais ou menos isso que acontece nos quadros de distimia, só que o aprendizado se volta para as relações afetivas, familiares e sociais _ afirma o médico.

Ainda segundo Cordás, isoladamente, a psicoterapia acaba cobrando um desempenho, uma performance inatingível para esses pacientes que têm uma limitação orgânica que os impede de mudar.

Faça o teste

O paciente com distimia tem cinco ou mais dos seguintes sintomas por pelo menos dois anos:

  • Desinteresse ou perda do prazer pela maioria das atividades que costumam ser prazerosas;
  • Irritabilidade, mau humor e descontentamento constante.
  • Baixa autoestima;
  • Desmotivado nos estudos e trabalho;
  • Constante desperança e pessimismo;
  • Insônia ou dorme excessivamente (hipersonia);
  • Perda de apetite ou alimentação exagerada;
  • Dificuldade de concentração e memória, levando a queda significativa no desempenho;
  • Tende ao isolamento, poucos amigos e vida social limitada;
  • Sente uma falta de capacidade.

Confira um depoimento anônimo

Bia, Rio de janeiro, 24 de setembro de 2009

“Há alguns dias descobri ou resolvi começar a enxergar que tenho dois problemas graves, que atrapalham mais do que eu pensava minha chance de ser feliz. Sempre tive problemas de humor e depressão, desde criança. Esta semana, descobri que tenho uma doença chamada distimia, que é como uma depressão porém mais leve. O problema é que ela, apesar de ser leve, é continua. Então, ao invés de você às vezes estar deprimido, às vezes está bem. É muito triste e me sinto muito culpada, pois nem ao menos sei o motivo de tanta tristeza. Me sinto culpada, pois tenho um bom trabalho, uma boa casa, uma linda filha e um ótimo marido. Algumas pessoas não tem nada disso e vivem melhor do que eu.”

“Tive uma constatação que, apesar de difícil, me ajuda bastante. Começou com a distimia, evoluiu para uma depressão pós-parto e evoluiu para o alcoolismo. Alcoólatra, eu? Imagina… quantas vezes neguei isso… Hoje resolvi não negar mais. Uma pessoa que bebe todos os dias durante anos é o quê? Sempre pensei que não era pois sou uma ótima mãe, uma boa esposa, não caio pelas ruas e nunca faço escândalo, só tomava uma cervejinha. Que mal havia nisso?”

“Comecei a me assustar com o problema quando comecei a ficar ansiosa pelo fim do expediente. Às vezes, nem conseguia esperar chegar em casa. Comprava logo uma cerveja no posto e ia tomando enquanto dirigia. Chegava em casa, mais uma, mais uma, cozinhando mais uma, até no banho eu a levava. Um dia, levei minha filha no shopping e enquanto ela jantava tomei dois chopes grandes. Fiquei alegre, como queria. Na saída peguei mais um. Fui pra casa dirigindo, com minha filha atrás dormindo, passei mal e vomitei pela janela com o carro andando, quase bati. Depois desse dia fiquei assustada e comecei a perceber meu problema.”

“Sempre tinha uma desculpa pra beber (…) e sempre tinha uma desculpinha para não me sentir alcoólatra. É muito triste perceber isso pois quando percebe que está viciada no álcool e perde aquele lance gostoso de beber as vezes com os amigos. Uma alcoólatra não pode beber NUNCA mais! Isso acabou comigo.”

“Quanto à distimia, pelo que li (e se encaixa muito bem a mim) ela aparece na infância ou na adolescência. As causas são inúmeras: infância difícil, pais separados, perdas, pais alcoólatras… entre outros. Passei por quase tudo. Enfim, uma coisa levou a outra. Se eu tivesse sido diagnosticada na adolescência, hoje talvez eu não fosse alcoólatra.”


Escrito e editado pelo editor de Alcoólico em Paz com informações de profissionais da saúde consultados e trechos de artigos publicados em Dr. Drauzio Varella, Wikipedia, Fórum Saúde, ABC da Saúde e Folha Online.

Avalie isto:

Compartilhe isso:

  • Facebook
  • Google
  • Twitter
  • E-mail
  • Imprimir

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Precisamos cuidar de nossa criança interior

19 quinta-feira mar 2015

Posted by Alcoólico em paz in Al-anon e Alateen, Ciência, Cotidiano, Experiências pessoais

≈ Deixe um comentário

Tags

Caráter, Competências, Confiança, Consultores, Controle, Criança, Criança interior, Desafios, Desconforto, Dificuldades, Disciplina, Emoções, Enfrentamento, Erros, Estratégia, Exemplo, Ferramentas, Ferramentas Espirituais, Gratidão, Habilidades, Independência, Medos, Mentalmente fortes, Mente Aberta, Negatividade, Paternidade, Positividade, Potencial, Profissionais, Psicologia, Psiquiatria, Recuperação, Resiliência, Responsabilidade

O alcoolismo, assim como dependência química de outras drogas, tem como característica ser uma doença de pessoas que têm problemas com suas crianças interiores. Certa vez, um psicanalista me disse que eu deveria “ser pai de mim mesmo” e começar a me amar realmente. O próprio programa de Alcoólicos Anônimos incentiva a adoção de um padrinho para ajudar na caminhada…

Bem, o fato é que acredito ser de suma importância nossa reflexão sobre nossas angústias, principalmente aquelas que sentimos desde a infância. Acredito que muitos de nós poderíamos estar mais bem firmes em recuperação se tivéssemos vivido nossa infância de forma diferente. E isso não sou apenas eu, um leigo em psicologia, psiquiatria, etc. que falo, são profissionais da área e também consultores especialistas em dependência química.

Pois encontrei um artigo simples e direto que pode nos ajudar. Ele é dedicado a pais que estão criando seus filhos. Podemos (devemos) usar essas dicas para nos orientar na caminhada da recuperação cuidando de nossas crianças interiores.

Segue:

10 dicas para criar filhos mentalmente fortes

Crianças mentalmente fortes estão preparados para os desafios do mundo. Elas são capazes de resolver problemas de forma produtiva, se recuperar de frustrações de forma eficaz, e lidar com as dificuldades com competência. Ajudar seus filhos a construir força mental é equipá-los com a ferramenta necessária para lidar melhor com os desafios da vida – tanto grandes quanto pequenos. Crianças mentalmente fortes não reprimem suas emoções. Elas também não se tornam teimosas ou tratam os outros de maneira rude. Em vez disso, desenvolver a força mental se trata de construir resiliência e ajudar a criança a ter a confiança necessária para atingir seu pleno potencial.

Ajudar as crianças a desenvolverem força mental exige uma abordagem em três vertentes: ensina-los a substituir pensamentos negativos por pensamentos mais realistas, ajudando-os a aprender a controlar suas emoções para que suas emoções não os controlem e mostrar-lhes como se comportar de forma produtiva, apesar das circunstâncias.

Existem várias estratégias de paternidade, técnicas de disciplina, e ferramentas de ensino que podem ajudar as crianças a crescerem mais fortes. Aqui estão 10 estratégias para ajudar seu filho a construir a força mental:

1. Ensinar habilidades específicas

A disciplina não é uma questão sobre como punir, mas de como ensinar. Olhe para o mau comportamento do seu filho como uma oportunidade para ensinar-lhe habilidades específicas, tais como resolução de problemas, controle dos impulsos, e habilidades de auto-disciplina. Essas habilidades vão ajudar seu filho a se comportar de forma produtiva, mesmo quando ele estiver diante de circunstâncias difíceis.

2. Deixe seu filho cometer erros

Permita que seu filho aprenda algumas lições de vida importantes por seus próprios erros. Ensine seu filho que os erros fazem parte do processo de aprendizagem para que ele não se sinta humilhado, ou envergonhado, para tentar de novo. Permita as conseqüências naturais quando for seguro fazê-lo e fale sobre como é possível evitar cair no mesmo da próxima vez.

3. Acalme a negatividade

É difícil para as crianças se sentirem mentalmente fortes quando estão sendo bombardeadas com humilhações ou quando estão antecipando alguma desgraça. Ensine seu filho a silenciar a negatividade e pensar de forma mais realista. Olhando para os obstáculos inevitáveis da vida de forma realista, mas otimista, ajuda as crianças a se sentirem mais seguras.

4. Ajude seu filho a enfrentar seus medos

Se o seu filho evita coisas que são assustadoras, ele nunca vai ter a oportunidade de ganhar confiança em sua capacidade de lidar com o estresse. Se seu filho tem medo do escuro, ou não quer desafiar a si mesmo para tentar coisas novas, ajude seu filho a enfrentar seus medos. Quando as crianças enfrentam seus medos com sucesso, ganham confiança para sair de suas zonas de conforto e crescerem mais fortes.

5. Permita que seu filho se sinta desconfortável

Embora possa ser tentador ajudar uma criança em dificuldades, resgatando-a da angústia só irá reforçar a ela que ela é impotente. Se seu filho estiver se sentindo frustrado com o seu dever de matemática, ou estiver com dificuldades para resolver uma discussão com um amigo, deixe-a experienciar algum desconforto e lhe dê a oportunidade para resolver o problema de forma independente. As crianças podem construir a força mental com sucesso aprendendo que podem lidar com suas emoções.

6. Concentre-se na construção do caráter

As crianças precisam de uma bússola moral forte para ajudá-las a tomar decisões saudáveis. Trabalhe duro para incutir valores em seu filho. Crie oportunidades para dar as lições de vida que reforcem seus valores. Por exemplo, enfatize a importância da honestidade e da compaixão, em vez de ganhar a todo custo. Crianças que entendem seus valores são mais propensas a fazer escolhas saudáveis – mesmo quando os outros discordem de suas ações.

7. Faça da gratidão uma prioridade

A gratidão é um remédio maravilhoso para auto-piedade e outros maus hábitos que podem minar a capacidade do seu filho de ser mentalmente forte. Ajude seu filho a reconhecer toda a sua sorte no mundo, de modo que mesmo em seus piores dias ele possa ver que tem muitos motivos para se sentir grato. A gratidão pode melhorar o humor de uma criança e incentivar a resolução proativa de problemas.

8. Afirme responsabilidades pessoais

Construir força mental envolve aceitar a responsabilidade pessoal. Permita explicações – mas não desculpas – quando seu filho cometer um erro ou se comportar mal. Corrija o seu filho se ele tentar culpar os outros pela forma como ele pensa, se sente ou se comporta.

9. Ensine habilidades para controle das emoções

Construir força mental requer que a criança tenha uma consciência aguda de suas emoções. Não se trata de suprimir seus sentimentos, mas de escolher formas saudáveis de lidar com esses sentimentos. Ensine seu filho a lidar com emoções desconfortáveis como a raiva, a tristeza e o medo. Quando as crianças entendem seus sentimentos e sabem como lidar com eles, estarão mais preparados para lidar com os desafios.

10. Seja um modelo de força mental

Mostrar ao seu filho como ser mentalmente forte – em vez de dizer a ele – é a melhor maneira de incentivá-lo a desenvolver a força mental. Fale sobre seus objetivos pessoais e mostre ao seu filho que você está tomando medidas para crescer mais forte. Faça do auto-aperfeiçoamento uma prioridade em sua vida.


Fonte: About parenting traduzido e adaptado por Psiconlinews

Avalie isto:

Compartilhe isso:

  • Facebook
  • Google
  • Twitter
  • E-mail
  • Imprimir

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Abstinência (artigo da Revista Brasileira de Psiquiatria)

24 quarta-feira dez 2014

Posted by Alcoólico em paz in AA, Al-anon e Alateen, Ciência, Narcóticos Anônimos

≈ Deixe um comentário

Tags

Abstinência, Abuso, Alcool, Alcoolismo, Anticonvulsivantes, benzodizepínicos, Cacotelaminérgico, Cetoglutarato, Convulsões, Delirium Tremens, Demência, Dependência, Epilético, Excitoxicidade, Fissura, Hepatopata, Hiperresponsividade, Kindling, Marchiava Bignami, Médico, Microdiálise, Neurodegeneração, Neuroreceptores, Neurotoxidade, Psiquiatra, Psiquiatria, Revista Brasileira de Psiquiatria, Síndrome, Transcetolase, Tratamento, Visões, Wernicke Korsakoff

A síndrome de abstinência alcoólica é um quadro agudo, caracterizado por um conjunto de sinais e sintomas auto-limitados, com gravidade variada, secundário à interrupção total ou parcial do consumo de álcool, podendo ser associado a inúmeros problemas clínicos e/ou outros transtornos psiquiátricos.

O objetivo deste artigo é rever as principais complicações psiquiátricas secundárias à síndrome de abstinência alcoólica com convulsões e delirium tremens, bem como algumas outras condições psiquiátricas associadas a dependência de álcool como as síndromes de Wernicke Korsakoff e de Marchiava Bignami.

Pretende-se com isso auxiliar no diagnóstico precoce e tratamento adequado, minimizando assim a morbidade e a mortalidade associadas a tais complicações.

Síndrome de abstinência alcoólica (SAA)

É responsável por um aumento significativo na morbidade e mortalidade associadas ao consumo de álcool e é um dos critérios diagnósticos da síndrome de dependência de álcool. Caracteriza-se por sinais e sintomas decorrentes de uma interrupção total ou parcial de consumo de bebidas alcoólicas em dependentes que apresentam um consumo prévio significativo.

Esses sinais e sintomas não são específicos somente da síndrome de abstinência alcoólica, podendo estar presentes em outras síndromes de abstinência (por benzodizepínicos, por exemplo).

São, ainda, insidiosos e pouco específicos, o que torna seu reconhecimento e avaliação processos complexos; variam quanto à intensidade e gravidade, podendo aparecer, como dito, após uma redução parcial ou total da dose usualmente utilizada.

Este artigo tem por objetivo descrever as principais complicações secundárias a SAA bem com o seu tratamento. Algumas delas são bastante comuns (convulsões e alucinações); outras, mais graves e menos comuns (delirium tremens). Além disso, descreve e propõe o tratamento de outras complicações associadas ao dependência de álcool como o síndrome de Wernicke Korsakoff e o de Marchiava Bignami).

Convulsões

Quadros convulsivos secundários ao abuso/dependência de álcool não são raros, bem como não é incomum a piora do controle de convulsões em pacientes com história prévia de convulsões (idiopáticas ou não). As convulsões secundárias a quadros de abstinência alcoólica são, geralmente, do tipo tônico-clônicas (ou “grande mal”), únicas, e incidem nas primeiras 48 horas (com pico entre 13 e 24 horas) após a suspensão ou redução do consumo de álcool. Entretanto, sintomas focais podem aparecer em cerca de 5% dos quadros convulsivos secundários à abstinência alcoólica.

Quase sempre, o aparecimento de convulsões está associado a quadros mais graves de abstinência alcoólica, e grande parte dos pacientes que não são tratados adequadamente evolui para delirium tremens.

Há indicação para avaliação de imagem de quadros de convulsão secundária à abstinência alcoólica (tomografia computadorizada, por exemplo), para que se detectem doenças comórbidas (hemorragia subdural crônica e traumatismos cranianos, por exemplo).

Cerca de 4% das tomografias realizadas em pacientes com quadro convulsivo secundário à abstinência alcoólica evidenciam lesões estruturais. A tomografia computadorizada está também indicada em casos de convulsões outras, que não do tipo grande mal, em pacientes abstinentes, devido à maior prevalência de co ocorrência de lesões nesse grupo.

A chance de ocorrência de outra crise convulsiva, em seis meses, é de 41%, e essa prevalência aumenta com o passar do tempo, chegando a 55%, em três anos 11,16,. Novos episódios de crises convulsivas poderiam desencadear quadros de alterações secundárias na excitabilidade cerebral (kindling) que parecem ser somatórios, ou seja, a cada nova crise convulsiva, o quadro se agrava. Define-se o kindling como um fenômeno em que um estímulo elétrico ou químico, fraco, que normalmente não causaria resposta comportamental importante, quando administrado várias vezes, desencadeia o processo. O kindling pode resultar de alterações em neurotransmissores cerebrais (GABA e NMDA, principalmente) que, conseqüentemente, aumentam a excitabilidade cerebral, predispondo ao risco de novas crises convulsivas, quadros ansiosos e aumento da neurotoxicidade.

Se alterações estruturais não são identificadas no paciente com crise convulsiva secundária à abstinência alcoólica, se ele não tem história prévia de crises convulsivas e nem usou anticonvulsivantes previamente, os anticonvulsivantes não parecem ser indicados, podendo, em alguns casos, precipitar a ocorrência de convulsões por abstinência (dos anticonvulsivantes, inclusive).

O tratamento de escolha é o controle da crise convulsiva por meio de infusão de benzodiazepínicos e tratamento específico para controle da dependência de álcool. Deve-se administrar no máximo 10mg de diazepam durante 4 minutos, sem diluição e a administração de benzodizepínicos por via intravenosa requer técnica específica e retaguarda para manejo de eventual parada respiratória 12. O uso crônico de anticonvulsivantes (fenitoína e fenobarbital, dentre outros) tem uma ação limitada na prevenção de quadros convulsivos decorrentes de abstinência alcoólica, uma vez que o problema central do paciente é o uso do álcool e, na imensa maioria dos casos em que há manutenção do consumo de álcool (portanto, risco de novas crises convulsivas), a não-adesão ao tratamento medicamentoso é quase uma regra, podendo essa ação, por si só, precipitar uma nova crise convulsiva. Entretanto, em pacientes com uso prévio de anticonvulsivantes, a medicação deve ser mantida.

A prevenção mais efetiva, nesse grupo de pacientes, é, sem dúvida, o tratamento para suspensão do consumo de álcool e indica-se, quando necessário, o uso de benzodiazepínicos de ação longa (diazepam, por ex.) na dose de 10 a 20mg ou uso de lorazepam, em dose equivalente, em paciente hepatopata ou senil 1,12. Não se justifica a introdução de anticonvulsivantes nessa população, nem para o tratamento da crise convulsiva nem para a prevenção de novas crises.

O estado de mal epiléptico é um quadro grave, com alta taxa de mortalidade (cerca de 10%) e não é raro entre pacientes com síndrome de abstinência alcoólica. Um estudo realizado em 1980 demonstrou que 21% dos pacientes em estado de mal do tipo tônico-clônico estavam em abstinência alcoólica. O tratamento desse quadro deve ser instituído o mais brevemente possível, em unidades de atendimento de urgências clínicas.

Delirium Tremens (DT)

O delirium é uma causa comum de comportamento alterado em pessoas com alguma doença física que não foi diagnosticada nem tratada de forma adequada. Vários termos ao longo dos anos foram usados para descrever essa síndrome, incluindo estados confusionais agudos, síndrome cerebral aguda, psicossíndrome cerebral aguda e reação orgânica aguda.

O DT é um quadro específico de delirium, relacionado com a abstinência do álcool. Quadros de delirium usualmente apresentam sintomas flutuantes, com piora significativa à noite. São comuns alterações cognitivas, da memória e da atenção e desorientação têmporo-espacial. A atenção diminuída e distúrbios do pensamento resultam em fala incoerente. Parentes e outros informantes podem relatar um rápido e drástico declínio no funcionamento pré-mórbido de um paciente, o que o diferencia dos que apresentam quadros demênciais.

São comuns alterações sensoperceptivas (alucinações e ilusões), sendo as alucinações visuais bastante comuns. Delírios também são freqüentes, em geral persecutórios e relacionados à desorientação têmporo-espacial. Alterações do humor são usuais e variam desde intensa apatia até quadros de ansiedade intensa; a presença de alterações no ciclo sono-vigília é constante. Infelizmente, como dito, muitos casos não são adequadamente detectados e, portanto, não são tratados.

Nem toda abstinência é um DT. Na verdade, o DT é uma condição pouco freqüente entre os dependentes de álcool, ocorrendo em menos de 5% da população em abstinência. No entanto, ele é responsável por grande morbidade e mortalidade associadas à SAA, já que quadros de DT não são, como se disse, adequadamente diagnosticados. O DT, habitualmente, inicia-se até 72 horas (embora possa começar até sete dias) após de abstinência e compreende sinais e sintomas variados, como confusão mental, alucinações, tremores, febre (com ou sem sinais de infecção) e hiperresponsividade autonômica, com hipertensão, taquicardia e sudorese. Deve-se suspeitar de DT em todos os casos de agitação em um paciente com SAA cuja pressão arterial esteja acima de 140/90mm Hg, freqüência cardíaca seja maior que 100 bpm, e temperatura, superior a 37ºC. Taxas de mortalidade são elevadas, variando de 5% a 15% dos pacientes com essa condição.

Poucos estudos, no entanto, definem adequadamente quadros de DT levando em consideração comorbidades clínicas/psiquiátricas, traumas, etc. A causa mais freqüente de morte é falência cárdio-respiratória. A fisiopatologia dos quadros de DT continua pouco compreendida. As mudanças fisiológicas resultantes do DT decorreriam de interações de neurorreceptores (principalmente sistemas gabaérgico e catecolaminérgico), bem como de alterações iônicas (potássio e magnésio, principalmente).

O tratamento dessa condição é feito, usualmente, com benzodiazepínicos, visando diminuir a hiperatividade autonômica e o risco de agitação psicomotora. Dá-se preferencia ao diazepam em dose mais elevada que as usualmente utilizadas (60mg/dia) ou lorazepam (12mg), se o paciente for hepatopata ou senil. Eventualmente, a associação de neurolépticos, em doses baixas, pode ser indicada (haloperidol 5mg/dia). No caso de ocorrer distonia induzida por neurolépticos (particularmente se forem administrados por via parenteral), ela pode ser controlada com o uso de anticolinérgicos (biperideno 2mg).

Síndrome de Wernicke Korsakoff (SWK)

A SWK é uma complicação potencialmente fatal associada à deficiência de vitamina B1 ou tiamina. Foi descrita como duas entidades distintas – encefalopatia de Wernicke e psicose de Korsakoff.

A síndrome é composta por uma tríade de anormalidades clínicas descritas por Wernicke – oftalmoplegia, ataxia e confusão mental. Esses seriam os pilares no diagnóstico da síndrome; porém, a presença de todos esses sintomas não é necessária para o diagnóstico de SWK, sendo mais rotineiramente encontrados sinais isolados (de oftalmoplegia e/ou desorientação e/ou estupor e/ou coma). Os movimentos oculares podem consistir em nistagmo horizontal e vertical, fraqueza ou paralisia do músculo reto lateral e do olhar conjugado. Em casos avançados, pode-se encontrar oftalmoplegia completa. A confusão mental é caracterizada por diminuição do estado de alerta e atenção e alteração senso-perceptual e da memória. Quadros de confabulação são comuns nesse grupo de pacientes. Algumas vezes há progressão para coma.

As necessidades diárias de tiamina são estimadas em 1,0 – 1,5mg/dia em pacientes normais. A tiamina é um importante co-fator da enzima piruvato desidrogenase e alfa-cetoglutarato desidrogenase, envolvida no metabolismo de carboidratos e da transcetolase, uma enzima importante da via das pentoses. A tiamina está naturalmente presente em cereais e muitas farinhas. No entanto, o processamento desses grãos resulta em perda de grande parte dessa vitamina. Vários países (EUA, Inglaterra, Canadá e Dinamarca) enriquecem as farinhas com tiamina; com essa medida, a deficiência de tiamina ficou restrita a alguns grupos de pacientes. A SWK é uma síndrome comumente associada à dependência de álcool e, em alguns casos, a alguns tipos de câncer, hiperemese gravídica, obstrução de intestino delgado, anorexia nervosa e gastroplastia. O consumo crônico de álcool está relacionado à baixa absorção de tiamina pelas células intestinais, bem como à menor fosforilação da mesma, em sua forma ativa, e diminuição do estoque hepático de tiamina. Esses fatores, associados à menor ingestão de alimentos contendo tiamina, podem ser em uma das causas da baixa concentração de tiamina nos dependentes de álcool.

Vários mecanismos têm sido implicados na patogênese dessa síndrome, mas ainda não são totalmente compreendidos. Uma das explicações são as perdas neuronais, e os mecanismos para essa morte cerebral incluem deficiência energética cerebral, excitoxicidade mediada pelo glutamato, acidose láctica focal e alteração da barreira hematoencefálica. A acidose láctica focal pode ser um dos mecanismos que levam a uma deficiência de tiamina cerebral (reduzindo a permeabilidade à tiamina no cérebro). A explicação mais plausível para esse fenômeno parece ser uma diminuição da oxidação do piruvato, resultante da diminuição da atividade das desidrogenases dependentes de tiamina. Com o acúmulo de lactato nos neurônios, há uma alteração de pH (acidose), gerando morte celular. A intensa formação de radicais livres também está associada a quadros de SWK. A administração crônica de álcool em ratos, com subseqüente SAA, causa um aumento na formação de radicais livres em várias regiões cerebrais, bem como aumento da molécula de óxido nítrico pela metabolização do etanol 6.

Em animais nos quais a deficiência de tiamina foi induzida experimentalmente, a microdiálise demonstrou aumento significativo de glutamato extracelular, seletivo para o tálamo posterior ventral. Essas mudanças são reversíveis com administração de tiamina no córtex e na ponte cerebral, mas não no tálamo. Nas regiões onde há esse excesso da atividade glutamatérgica, pode haver uma neurodegeneração excitotóxica. Não obstante, evidências diretas são necessárias para apoiar uma relação entre deficiência de tiamina e mudanças no receptor de NMDA.

As características anátomo-patológicas variam de acordo com o estágio e a gravidade da patologia. Pacientes em fase aguda podem ter alterações em corpos mamilares, hipotálamo, região periventricular do tálamo (acima do aqueduto). Os corpos mamilares, especialmente os núcleos mediais, são as estruturas mais amiúde afetadas e estão acometidos em quase todos os casos. Exames histopatológicos, em casos agudos, demonstram edema, necrose, desmielinização, discreta perda neuronal, degeneração esponjosa e aumento de vasos sangüíneos como resultante da hiperplasia; quando há hemorragia petequial, eritrócitos e hemossiderina estão presentes, bem como macrófagos. Nos casos crônicos, há perda neuronal mais marcante e gliose 2. O diagnóstico é clínico, sendo a ressonância nuclear magnética um exame complementar útil na detecção dessas lesões cerebrais, enquanto a tomografia cerebral é, em muitos casos, ineficaz. A SWK é mais uma das complicações da dependência de álcool freqüentemente subdiagnosticada

O tratamento dessa condição ainda não está adequadamente estabelecido no que tange à via e à dose de tiamina necessária tanto para a prevenção quanto para o tratamento, não sendo do conhecimento das autoras deste artigo nenhum estudo bem conduzido; a maioria das recomendações de suplementação vitamínica é de base empírica. A dose de tiamina preconizada pelo consenso sobre a síndrome de abstinência do álcool foi de doses acima 300mg de tiamina por dia, por via intramuscular, por um período de 7-15 dias. O uso por via oral não está indicado para prevenção de Síndrome de Wernicke Korsakoff pois a absorção de tiamina pode estar prejudicada em função do consumo de álcool e, com isso, haver uma diminuição da eficácia na prevenção de Síndrome de Wernicke Korsakoff. Na Inglaterra, após a suspensão do uso de vitaminas do complexo B de alta potência (250mg de tiamina em cada ampola) houve um aumento dos casos de “psicose alcoólica” e os autores sugerem que o aumento da ocorrência desses quadros seja secundária a suplementacão vitamínica em baixas doses.

Síndrome de Marchiava Bignami

Também denominada “degeneração primária do corpo caloso”, é uma doença mais comumente definida pelos aspectos patológicos que pelos clínicos. A principal alteração é encontrada na porção medial do corpo caloso onde, ao exame de olho nu, se vê uma diminuição da densidade do tecido, com leve depressão avermelhada ou amarelada, dependendo do tempo da lesão. Do ponto de vista microscópico, observam-se, claramente, zonas de desmielinização com abundância de macrófagos, embora não haja alterações inflamatórias. Menos consistentes, lesões de natureza similar são encontradas na porção central das comissuras anterior e posterior e ponte.

É uma doença rara que afeta pessoas mais idosas e, com poucas exceções, todos os pacientes acometidos são dependentes de álcool. Alguns apresentam, no estágio terminal, quadros de estupor e coma, e outros, sintomas compatíveis com quadro de intoxicação crônica e síndrome de abstinência. Em alguns casos, descreveram-se quadros de demência progressiva, com sintomas como disartria, movimentos vagarosos e instáveis, incontinência esfincteriana transitória, hemiparesia e afasia. O diagnóstico dessa patologia raramente é feito durante a vida, mas, via de regra, na necropsia, por meio de exame anátomo-patológico. A ocorrência, em paciente dependente de álcool, de sintomas semelhantes à síndrome do lobo frontal, à doença de Alzheimer ou, ainda, de sintomas semelhantes a quadros de tumor na região frontal, mas que remitam espontaneamente, sugere síndrome de Marchiava Bignami, e exames de imagem auxiliarão no diagnóstico. A etiologia e a patologia desse quadro não são bem esclarecidas até o momento 20.

Concluindo

Apesar de, acima, terem sido abordadas complicações graves da dependência de álcool que surgem independentemente do nível de consumo do álcool, todos os dependentes precisam e devem ter acesso a tratamento em qualquer fase de sua doença bem como seus familiares. O artigo expõe as bases para o reconhecimento dessas complicações e propõe algumas intervenções para o tratamento minimizando a morbidade e a mortalidade. .

Existem intervenções eficazes e algumas intervenções propostas, como o uso de tiamina na prevenção de Síndrome de Wernicke Korsakoff ainda carecem de maiores pesquisas para estabelecimento de dose, via de administração e tempo de uso.

Outras, no entanto, estão bem estabelecidas, como o uso de benzodiazepínicos visando impedir a progressão da SAA para quadros mais graves tais como o DT. Esse uso deve ser instituído o mais precocemente possível em um paciente com história de SAA grave no passado em que se propõe abstinência ou quando este se encontra em abstinência há menos de três dias e apresenta um quadro sintomatológico importante que justifique o emprego dessa medicação.

O envolvimento da família no tratamento do paciente é fundamental, pois propicia uma maior adesão do mesmo ao tratamento bem como melhor qualidade de vida aos integrantes do núcleo familiar. Quando não é possível o tratamento ambulatorial, ou quando a gravidade do quadro se impõe, a hospitalização pode ser necessária para assegurar a abstinência. Todas essas medidas podem e devem ser implementadas e integradas nos sistemas de saúde público e privado e, para que isso ocorra de maneira apropriada, mais profissionais devem ser adequadamente treinados para realizá-las.

Fonte: Revista Brasileira de Psiquiatria

Avalie isto:

Compartilhe isso:

  • Facebook
  • Google
  • Twitter
  • E-mail
  • Imprimir

Curtir isso:

Curtir Carregando...

Em que passo estamos

O blog teve atualizações diárias de novembro de 2014 a abril de 2015. Depois, o projeto mudou e estamos com postagens mais espaçadas. Hoje somamos milhares de visualizações de internautas de pelo menos 46 países.

Curta a fanpage no facebook (link abaixo) para manter-se por dentro das atualizações.
A primeira versão do nosso aplicativo para smartphone é bem simples e por enquanto não está na GooglePlay nem na AppStore, mas dá para baixar com o link abaixo.

Créditos

Todos os artigos em que não há fonte especificada, são de autoria do editor deste blog, principalmente na categoria “Experiências Pessoais”.

Eles podem ser livremente reproduzidos desde que seja citada a fonte (este blog) e especificado o link. Caso queira entrar em contato, utilize o e-mail alcoolicoempaz@hotmail.com.

Fanpage no Facebook

Fanpage no Facebook

Siga-nos também pelo

Twitter do Alcoólico em Paz

Baixe nosso App

Digite seu endereço de email para acompanhar esse blog e receber notificações de novos posts por email.

Categorias

  • AA (77)
  • Al-anon e Alateen (49)
  • Ciência (38)
  • Citações (18)
  • Cotidiano (90)
  • Espiritualidade (3)
  • Experiências pessoais (63)
  • Foto (3)
  • Livros (2)
  • Narcóticos Anônimos (44)
  • Notícias (32)
  • Recuperação (2)
  • Vídeos (22)
Follow Alcoólico em paz on WordPress.com

Posts recentes

  • Estranhos no ninho: conectando-se com o mundo
  • Sintonizando com outras pessoas: um passo para uma base segura na recuperação
  • Bíblia de Estudo Despertar
  • Autocontrole e foco em objetivos ajuda a lidar com emoções destrutivas
  • Autoconsciência: saber como você se sente e por quê
  • Cinco competências que nós alcoólicos em recuperação deveríamos desenvolver
  • O peixe que morreu no mar sem nunca ter visto o mar
  • Há solução para o que chamamos de cansaço
  • Vampiros Emocionais: 6 personalidades que sugam o seu bem-estar emocional
  • Oito regras simples para se comunicar com um manipulador
  • Álcool é 144 vezes mais letal que a maconha, segundo pesquisa
  • Você sabe lidar com suas emoções? Descubra com essas 10 dicas
  • Psiquiatra faz um alerta e derruba mitos sobre a definição de alcoolismo
  • Não contamine o seu futuro com os erros do passado
  • Existem dois cães brigando dentro de nós, alcoólicos em recuperação
  • Distimia: o tratamento para ela pode ser a chave para estacionar seu alcoolismo
  • Cinco dicas práticas para vencer a ansiedade
  • Chorar vale mais do que uma boa dose de tranquilizantes
  • Como um alcoólico em recuperação deve lidar com seus filhos codependentes
  • Conviver em uma casa alcoólica pode ter consequências irreversíveis para as crianças
  • Você cresceu em uma casa alcoólica? Faça o teste!
  • Medicamentos auxiliam no controle do alcoolismo e prevenção à recaída
  • Sanguessugas emocionais (parte 1)
  • 30 coisas que você deve parar de fazer a si mesmo
  • Dez pessoas que encontramos em reuniões de Alcoólicos Anônimos

Posts mais antigos

Lista de Links

  • Alcoólicos Anônimos (Oficial)
  • Centro Regional de Tratamento e Recuperação do Alcoolismo (Central)
  • Al-Anon do Brasil
  • Grupo Online AABR (Reuniões online 24 horas)
  • Centro Utilitário de Intervenção e Apoio aos Filhos de Dependentes Químicos (Cuida)
  • Associação Nacional para Filhos de Alcoolistas e Dependentes Químicos (Nacoa)
  • Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas (Uniad)
  • Centro de Informações sobre Saúde e Álcool (CISA)
  • Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (ABEAD)
  • Centro de Pesquisa em Álcool e Drogas da UFRGS (CPAD)
  • Informálcool
  • Cruz Azul do Brasil
  • Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid)

Contato

alcoolicoempaz@hotmail.com

Assine nosso RSS

RSS Feed RSS - Posts

Estatísticas do blog

  • 70.276 cliques

Nuvem de tags

12 Passos AA Alcool Alcoolismo Alcoólico Alcoólicos Anônimos Despertar Espiritual Disciplina Drogas Estudo Família Felicidade Honestidade Humildade Mente Aberta Paternidade Poder Superior Recaída Recuperação Sobriedade
Clique para a página oficial de AA no Brasil
Revista Vivência
World Health Organization
Anúncios

Blog no WordPress.com.

Cancelar
loading Cancelar
Post não foi enviado - verifique os seus endereços de e-mail!
Verificação de e-mail falhou, tente novamente
Desculpe, seu blog não pode compartilhar posts por e-mail.
Privacidade e cookies: Esse site utiliza cookies. Ao continuar a usar este site, você concorda com seu uso.
Para saber mais, inclusive sobre como controlar os cookies, consulte aqui: Política de cookies
%d blogueiros gostam disto: