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Alcoólico em paz

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Autoconsciência: saber como você se sente e por quê

10 segunda-feira out 2016

Posted by Alcoólico em paz in AA, Cotidiano, Espiritualidade, Experiências pessoais

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12 Passos, AA, Admitimos, Admitir, Alcoólicos, Alcoólicos Anônimos, Alcool, Alcoolismo, Alegria, Autoconsciência, Clareza, cognição, Cognitivo, Consciência, Controle, Decisão, Decisões, Dependência q, Doze Passos, Drogadição, Drogas, Emoções, Emocional, Equilíbrio, Espiritualidade, Estudo, Ferramenta espiritual, Infância, Intimo, Inventário, Inventário Pessoal, Liberdade, Liberdae, Motivação, Pensr, Percepção, Poder Superior, Reações, Realização, Reconhecimeto, Recuperação, Reparações, Responsabilidade, Sentimentos, Sonhos, Terapeuta, Terapia, Tristeza, Valores

Não sei das outras pessoas, mas nós alcoólicos (e acredito que também dependentes de outras drogas) carecemos de aulas de alfabetização emocional. Muitas delas. Adultos mais ou menos normais parecem ter noção dos seus sentimentos. Mais: parecem também saberem, com certa segurança e boa dose de equilíbrio, por que suas mentes ou seus corpos estão reagindo de tal maneira. Nós (ou, acredito, pelo menos a maioria) parecemos não termos essa percepção interna básica, geralmente aprendida na infância.

Bom, mas agora o estrago já está feito. Nosso negócio é consertar. Buscar soluções. Eu faço terapia, mas acredito mesmo é na espiritualidade (que possivelmente me faça pensar e estudar minha existência e meus sentimentos mais do que qualquer terapeuta). Espiritualidade essa que é a base da recuperação, de acordo com os Doze Passos de Alcoólicos Anônimos (A.A.). E é com eles servindo de ferramenta que podemos realizar uma tarefa muito importante e séria em nossas vidas: nomear nossos sentimentos. Ter clareza (por menor que seja) de nossas emoções, do que ocorre em nosso íntimo, é fundamental para que consigamos tomar decisões sóbrias, lúcidas. Em outras palavras: parar de pensar besteira e de fazer bobagem! Porque fazer reparações é preciso, mas viver para isso é masoquismo. Por isso é que procuramos rogar por sanidade ao Poder Superior. Rogar pelo caminho vivo e lúcido da sanidade. E parece ser bem fácil perdermos o rumo quando não somos capazes de reconhecer e administrar minimamente nossas emoções.

Dar atenção a esse mundo interior, com seus defeitos e qualidades, alegrias e tristezas, ânimos e angústias, é que nos capacita a termos um pouco de controle de nós mesmos. Sim, porque o Poder Superior é quem deve estar no comando, mas quem tem de interpretar seus desígnios e agir somos nós. Esse foco interno, tão solicitado, por exemplo no Décimo Passo (“Continuamos fazendo o inventário pessoal e, quando estávamos errados, nós o admitíamos prontamente”) nos faz reconhecer o terreno no qual edificamos diariamente nossas obras. Nos dá noção para tomarmos pequenas ou grandes decisões que influenciarão nossas vidas tanto em curto ou longo prazos.

Mas nem é sobre tomada de decisões o mote desta reflexão que faço. Penso puramente no olhar para dentro de nós mesmos. Acho que é assim que podemos entrar em sintonia com o que e mais importante para nós. Em consequência, temos um contato bem claro com os interesses que nos motivam. Ato contínuo, temos lucidez para fazer escolhas que abrandem nossos sofrimentos e acendam nossas alegrias (porque elas existem). E o mais interessante é que essa se torna uma motivação intrínseca, que vem de dentro. Isso aumenta a possibilidade de que, com o tempo, passemos a agir e pensar com o que poderia chamar de responsabilidade emocional, de viver em sintonia com o que é realmente importante para nós, de estabelecer práticas condizentes com nossas crenças e valores que nos aliviem e impulsionem ao mesmo tempo.

O olhar atento e constante para nossas emoções nos permite essas novas experiências (acho que prazerosas em sua maioria). Nomeando nossos sentimentos passamos a perceber o que queremos cultivar em nossas vidas e por quê. Essa competência para entrar em sintonia comigo mesmo e com o que importa para mim é o que estou tentando aprender. A vida passa e agora já consigo ver algumas coisas acontecendo. É como se eu começasse a imaginar/compreender/sentir que tenho um certo leme interno e que posso colocá-lo em direção aos meus valores. E tudo parece florescer quando o trabalho é bem feito.

Há poucos dias estou praticando essa consciência observadora e tentando ponderar meus pensamentos, principalmente nos momentos mais intolerantes, críticos, raivosos até. Tem dado certo. Dá para perceber que já controlo boa parte dos impulsos antes de agir. Esses momentos de pausa passaram a ser um bálsamo, um pouquinho de liberdade para escolher, para administrar as emoções e impulsos em vez de ser terrivelmente controlado por eles.


Escrito pelo editor de Alcoólico em Paz. A reprodução é livre desde que citada a fonte e indicado link para o texto original.

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Como um alcoólico em recuperação deve lidar com seus filhos codependentes

29 sexta-feira jan 2016

Posted by Alcoólico em paz in AA, Al-anon e Alateen, Ciência, Cotidiano, Experiências pessoais, Narcóticos Anônimos

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Abstinência, Al-Anon, Alcoólatra, Alcoólico, Alcoolismo, Companheiros, Confiança, Conselhos, Consequencias, Convivência, Criação, Dependência química, Dicas, Exemplo, Filhos, Finanças, Honestidade, Humildade, Limites, Maternidade, mãe, Mente Aberta, Metas, pai, Parceiros, Parceria, Parenting, Paternidade, Proposta, Proteção, Recuperação, Responsabilidade, Vítimas, Vitórias

Parenting é a palavra em inglês para maternidade ou paternidade, mas quando se refere a questões envolvendo dependência química, ela ganha um pouco mais de sentido. Poderia ser traduzida como o processo de criação dos filhos promovendo apoio físico, emocional, social, financeiro e desenvolvimento intelectual de uma criança da infância para a idade adulta. Refere-se aos aspectos de criar um filho além do relacionamento biológico normal, mas psicológico também, principalmente no que se refere à codependência.

Praticar parenting com nossos filhos pode ser um problema significativo para nós pais/mães alcoólicos em recuperação. Eles, ainda que adolescentes, eventualmente estão fora do nosso círculo de controle, mas sempre estarão dentro do nosso círculo de influência! E precisamos estar presentes. Nossos filhos devem sentir que estamos disponíveis para ajudar, sem que fique pairando em suas mentes a imagem do pai/mãe alcoólico na ativa.

Observando diversos artigos publicados em revistas científicas, artigos sobre o assunto e mesmo em publicações internacionais de Al-Anon, pude elencar alguns princípios básicos e fundamentais na nossa relação com nossos filhos que ajudam a melhorar o relacionamento. São elementos-chave que os ajudam a nos ver como presentes nas suas vidas adultas ou jovens, que seremos uma influência em suas vidas e que agora podemos fazer isso de forma positiva, ajudando em um dos aspectos mais básicos na autoestima e afirmação como seres humanos em uma sociedade: as tomadas de decisão.

Mas lembre-se! Para tudo o que está escrito abaixo ser elementos de melhoria para seus filhos, é importante que tenha em mente os princípios básicos de honestidade, humildade e mente aberta, não por acaso respectivamente aqueles invocados nos 1º, 2º e 3º Passos de Alcoólicos Anônimos. Ou seja, não adianta parar de beber e não mudarmos nossas atitudes e pensamentos perante o mundo e encontrar uma nova maneira de viver (leia mais no post O alcoólico que nunca bebeu).

Pois bem, seguem as considerações para refletirmos:

Seja um mentor, não um ditador

Não estou fazendo a suposição que você sempre foi um pai/mãe ditatorial, mas a medida que uma criança cresce, principalmente em um ambiente de alcoolismo, nosso papel é significativo para mudar a impressão de que tem de nossa vida alcoólica. Acredita-se que é importante dar conselhos, oferecer recursos e ajudar quando necessário, mas não assumir o controle. Nossos filhos precisam fazer suas próprias escolhas e assumir as consequências delas. Então, o nosso papel como um pai/mãe precisa ser mais como um amigo mais velho e agora confiável. Precisamos respeitar nossos filhos, já os desrespeitamos demais.

Estabeleça limites apropriados

Quando filhos, mesmo adultos, vivem com você ou quando você está fornecendo apoio financeiro para eles, você pode e deve estabelecer as condições para que continue a apoiá-lo. Para isso, sua vida alcoólica passada deve ficar no passado. É preciso estar realmente em recuperação para poder estabelecer limites, mesmo quando é você quem sustenta a casa. Seus filhos adultos precisam manter você informado sobre onde estão, o que estão fazendo e com quem. Você tem o direito de saber, MAS na condição de codependentes, eles precisam de reciprocidade, ou seja, é importante que eles também conheçam sua rotina e, caso ela mude, sejam avisados. Essa segurança é fundamental para eles terem confiança em você e aceitarem suas regras justas.

Mantenha responsabilidade financeira

Embora seja certamente aceitável ajudar financeiramente um filho adulto que precisa de ajuda, é preciso que os ensine a ter responsabilidade financeira. E para isso, você deve dar o exemplo! É importante que eles possam saber das responsabilidades deles para lidar com dinheiro, mas também precisam saber das obrigações que você tem para manter a casa. Dessa forma, o ideal é que eles sejam envolvidos nos processos de decisão e do pagamento de contas. Mas, importante, a opinião deles deve ser considerada sempre! Caso contrário, ficar de “corpo presente” ou como mero ouvinte em uma discussão sobre planejamento financeiro da família tornará a atividade desgastante e só tende a piorar a situação. Ou seja, tentaram de tudo para ajudá-lo a combater o vício e agora têm suas autoestimas jogadas no lixo porque suas opiniões não são consideradas. Fique atento a isso. Seus filhos são agora seus parceiros, não suas vítimas.

Esclareça as expectativas regularmente

Em recuperação, quase todos os alcoólicos buscam ou anseiam um contato estreito com seus filhos e gostariam não só de saber como andam as coisas com eles, mas também demonstrar como andam as coisas consigo (cuidado para não incorrer nos defeitos de caráter da autopiedade, do egoísmo, entre outros). Para manter essa equação balanceada, é importante que você, além de arguir sobre os planos de seus filhos para o futuro, também deixe claro para eles quais são suas metas, suas expectativas e o que estás fazendo para alcançá-las. Essa atitude é fundamental para que, mesmo que aos poucos, vocês comecem a trocar experiências, confiarem uns nos outros e o mais interessante: comemorar juntos as vitórias!

Deixe os seus filhos serem adultos

Finalmente, às vezes os pais estão ansiosos para continuar a proteger seus filhos de consequências negativas, como foi o caso do alcoolismo ou da dependência química a outras drogas no seu caso. Mas os melhores pais sabem que eles devem permitir que seus filhos experimentem os pontos positivos e negativos da vida. Confie neles. Eles compreendem muito bem o exemplo negativo que você deu durante sua vida alcoólica ativa. Agora só o que você pode fazer é mostrar o quanto você pode ser feliz e ter uma vida próspera em recuperação (lembrando que recuperação significa não só abstinência, mas um pensar constante sobre a vida e a busca incessante pelo aperfeiçoamento pessoal). Pode ser doloroso para você, mas creia: foi ainda mais doloroso para eles assistir você se matando e destruindo a família.

Parenting pode ser uma proposta difícil. Mas se todos queremos nossos filhos de volta. E para fazer isso acontecer, devemos buscar os processos adequados. É uma grande meta. Talvez a mais nobre depois daquela a que nos propomos quando decidimos parar de morrer e começar a viver em recuperação.


Escrito pelo editor do blog Alcoólico em Paz. É livre a reprodução, desde que citada a fonte e, preferencialmente, o link para este post.

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Você cresceu em uma casa alcoólica? Faça o teste!

28 quinta-feira jan 2016

Posted by Alcoólico em paz in Al-anon e Alateen, Cotidiano, Narcóticos Anônimos

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Afirmação, Alcólatra, Alcoólico, Alcoolismo, Aprovação, Beber, co-dependência, Co-dependente, Codependência, Codependente, Compulsivo, Crise, Cuidador, Esposa, Família, Filhos, Isolamento, Lar, Parar de beber, Problemas, Recuperação, Responsabilidade, Segredos

No site de Al-Anon dos Estados Unidos há uma lista de perguntas, intitulada “Você cresceu em uma casa alcoólica?” O texto destas questões oferecem uma visão sobre alguns aspectos de crianças que são afetadas por crescer em uma casa alcoólica.

Confira e reflita se você se enquadra:

1. Você busca constantemente aprovação e afirmação?

Pode ser porque você realmente não saiba o que é “normal”. Você tem de tentar descobrir a partir das ações e reações dos outros.

2. Você não consegue reconhecer as suas realizações?

O que parece rotina para você pode ser considerado overachieving (expressão em inglês para descrever pessoas que fazem muito para alcançar mais sucesso do que o esperado) por todos ao seu redor.

3. Você tem medo de crítica?

Na infância, a crítica muitas vezes foi acompanhada de alguma forma de abuso, verbal ou não.

4. Você extrapola?

Apenas transportar uma carga normal de trabalho nunca foi bom o suficiente. Você tinha que fazer mais para evitar a ira do alcoólatra.

5. Você já teve problemas com o seu próprio comportamento compulsivo?

Sem saber, você provavelmente desenvolveu um padrão na infância de se aproximar de um comportamento alcoólico, mesmo que você não beba.

6. Você tem necessidade de perfeição?

Um pequeno deslize e o alcoólatra pode explodir em raiva. Esse medo profundo pode estar presente em você na idade adulta.

7. Você se sente desconfortável quando sua vida está indo bem, antecipando-se continuamente problemas?

O alcoólatra sempre sabotou os “bons tempos”, como feriados, aniversários, férias, etc. As coisas nunca acabaram a nunca ocorreram como foram planejadas.

8. Você se sente mais vivo no meio de uma crise?

As pessoas podem se tornar viciadas em emoção. Elas acham pessoas e situações “normais” chatas.

9. Você ainda se sente responsável por outras pessoas, como você fez com o bebedor problema em sua vida?

Há sempre esse sentimento persistente de que você fosse de alguma forma responsável pelo beber do alcoólatra. Sente que talvez se você tivesse feito algo diferente, ele teria melhorado.

10. Você se importa com os outros facilmente e tem dificuldades para cuidar de si mesmo?

Você está confortável no papel de “cuidador”, mas extremamente desconfortável fazer as coisas por si mesmo, como gastar dinheiro em algo apenas para você.

11. Você se isola das outras pessoas?

Se eles chegarem muito perto, eles podem descobrir seus “segredos”.

12. Você tem medo de figuras de autoridade e as pessoas com raiva?

As figuras de autoridade em sua infância eram provavelmente abusivas. Você espera o mesmo de todas as figuras de autoridade. Quando o alcoólatra ficou com raiva, normalmente significava que algo extremo estava prestes a acontecer.

13. Você sente que os indivíduos e a sociedade em geral estão tirando vantagem de você?

Você cresceu com alguém que era um especialista em controlar e manipular todos à sua volta. A confiança não é algo que vem naturalmente.

14. Você tem problemas com relacionamentos íntimos?

Possivelmente o único “amor” que você viu demonstrado na infância era o amor que o alcoólatra tinha para com a garrafa.

15. Você confunde piedade com amor, como você fez com o bebedor problema?

Você pode ser atraído por pessoas que “precisam” você ou as pessoas que você sabe que você pode “ajudá-las”.

16. Você atrai e/ou busca pessoas que tendem a ser compulsivas e abusivas?

Novamente, as pessoas normais tendem a aborrecer e você não entende-as. Você se sente mais confortável em torno de pessoas que você pode se relacionar e não vão julgá-lo.

17. Você se apega a relacionamentos porque está com medo de ficar sozinho?

Pode ser seu medo profundo do abandono. De um jeito ou de outro, seu pai ou mãe alcoólatra emocional ou fisicamente o trocou pela garrafa.

18. Você desconfia de seus próprios sentimentos e dos sentimentos expressos pelos outros?

Quantas vezes você já ouviu: “Eu sinto muito. Não vai acontecer de novo.” Mas aconteceu.

19. Você acha que é difícil identificar e expressar suas emoções?

Foi dito a você que não era bom chorar. Você nunca foi autorizado a ficar com raiva e se foi, enfrentou sérias consequências ou ridicularização.

20. Você acha que o beber de seu alcoólico pode ter afetado você?

Nem todo mundo que bebe é um alcoólatra. Mas seria extremamente difícil de crescer em torno de um beber em excesso e não ser de algum modo afetado.
Se você respondeu sim a alguma destas perguntas, pode ter sido mais afetados do que pode perceber pela doença familiar do alcoolismo. Se assim for, você pode querer aprender mais sobre a doença, lendo mais sobre o assunto ou visitando grupos de Al-Anon.


CONFIRA OUTROS POSTS DESTE BLOG RELACIONADOS AO ASSUNTO:

  • Seis dicas para manter seu filho longe do álcool
  • O peso da hereditariedade para o alcoolismo
  • Filhos de mulheres dependentes têm se tornado alvo de abandono
  • Como falar com crianças codependentes sobre alcoolismo (Parte 1)
  • Como falar com crianças codependentes sobre alcoolismo (Parte 2)
  • Infância perdida: crescendo em uma família com alcoolistas (vídeo)
  • Carta de um filho adulto de um alcoólatra
  • A importância da família no tratamento do alcoolismo
  • Para familiares e amigos (vídeo)
  • Onze dicas essenciais para ajudar um alcoólico
  • Dicas para convencer um alcoolista fazer tratamento

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Recaída e recomeço: onde a serenidade, a coragem e a sabedoria se encontram

29 sábado ago 2015

Posted by Alcoólico em paz in AA, Experiências pessoais, Narcóticos Anônimos

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12 Passos, 12º Passo, 1º Passo, 24 horas, 5º Passo, A.A., AA, Ajuda, Alcoólicos Anônimos, Alcoolismo, Caminhada, Coragem, Décimo Segundo Passo, Declaração de Responsabilidade, Deus, Falhas, Honestidade, Humildade, Oração da Serenidade, Passos, Poder Superior, Primeiro Passo, Quinto Passo, Recaída, Recomeço, Recuperação, Responsabilidade, Retorno, Reunião, Sabedoria, Só por hoje, Serenidade, Termo de Responsabilidade, Tropeço, Vida

Zerar o cronômetro da recuperação é talvez a questão mais dolorosa na vida de um alcoólico. Mas acredito que também seja uma das tarefas que exigem mais coragem e determinação. Zerar o cronômetro, para mim significa recomeçar. A recaída é uma desgraça, tudo bem. Nunca tem um motivo claro, geralmente são várias gotas que encheram o copo até transbordar. Mas identificar, avaliar e reconhecer todos esses erros é tarefa para depois. Agora o que importa é continuar a caminhada. O que realmente tem peso é que ainda há esperança, que não desistimos, que acreditamos que podemos viver uma existência digna e feliz, não importa quantas perdas sofremos com o tropeço.

É sempre difícil escrever sobre recaída. Por isso, prefiro focar no recomeço, o que quase invariavelmente passa pelo retorno a uma sala de Alcoólicos Anônimos. Para muitos, esse é um ato de muita humildade, mente aberta e coragem. Mas acredito que há uma atitude bem mais complicada: procurar um companheiro e quase que fazer um Quinto Passo, admitindo a derrota e a natureza exata de nossas falhas. Sim, pedir ajuda olhando nos olhos de outro ser humano é talvez mais difícil do que entrar em uma reunião de A.A. e solicitar outra ficha amarela. Meu Deus, como é preciso ter boa vontade para cometer esse gesto!

De todas as vezes que recaí nesses quase 23 anos de alcoolismo identificado, foi somente no último retorno que consegui tomar essa atitude. E isso foi fundamental. Confiei em um homem que, graças a um Poder Superior, teve a grandeza de honrar, sem pestanejar, a Declaração de Responsabilidade de A.A. (“Eu sou responsável. Quando qualquer um, seja aonde for, estender a mão pedindo ajuda, quero que a mão de A.A. esteja sempre ali. E por isto, eu sou responsável”). Jamais vou esquecer daquele olhar de quem, mesmo demonstrando muita calma, foi honesto em reconhecer que talvez não soubesse como e se poderia ajudar, mas que estaria sempre ao meu lado, seja onde for, a hora que for e faria de tudo para que eu voltasse à vida.

Foi em um café da bela Rua da República, por onde passa o Paralelo 30° no bairro Cidade Baixa, o mais boêmio de Porto Alegre, que os três principais elementos da Oração da Serenidade se encontraram. A coragem de alguém pedindo ajuda, a sabedoria de quem estava ajudando e a serenidade que se estabeleceu em minha alma e que permanece até agora em minha recuperação. Eu estava novamente dando o Primeiro e ele o Décimo Segundo Passo. Foi nessa conjunção que compreendi que eu não havia voltado à estaca zero, mas apenas recomeçando uma caminhada. Cronômetro zerado, mas isso não importava mais. O que importa são as 24 horas, só por hoje.

_ Muito obrigado, Zeca!
_ O que é isso… eu é que agradeço por poder ser útil.

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O ponto de equilíbrio e a sensação de estarmos curados

22 quarta-feira abr 2015

Posted by Alcoólico em paz in AA, Cotidiano, Experiências pessoais, Narcóticos Anônimos

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12 Passos, A.A., AA, Albert Einstein, Alcoólicos Anônimos, Alcoolismo, Beber destrutivo, Bicicleta, Boa Vontade, Compulsão, Cura, Doença, Doze Passos, Equilíbrio, Força de Vontade, Incurável, Momentos mágicos, Momentos Plenos, Obsessão, Paternidade, Poder Superior, Primeiro Passo, Privilégos, Recaída, Recuperação, Responsabilidade, Segundo Passo, Sobriedade, Terceiro Passo

Alcoolismo é uma doença lenta, progressiva, de consequências fatais e… não tem cura. Isso todo mundo sabe (ou deveria). O que muitos de nós, alcoólicos em recuperação, não conseguimos entender é a sensação de estarmos curados de que somos tomados em algum momento da caminhada. Geralmente esse estado de espírito recorrente é alcançado ao se seguir metódica e fielmente o programa de Alcoólicos Anônimos. Motivo de grande parte das recaídas, essa sensação de liberdade é tão intensa que é fácil encontrar em salas de A.A. companheiros retornando com relatos de que, em algum momento da sobriedade, suas mentes enfermas os fizeram crer que não eram doentes, que, afinal, essa questão de alcoolismo teria sido apenas uma fase ruim em suas vidas.

No meu caso, o despertar espiritual proporcionou-me uma sensação semelhante de forma instantânea. Desde então, e de um momento para outro, não tive mais vontade de beber, a compulsão parecia ter-se ido. Mas, em contato constante com A.A., sempre tive o cuidado de manter a mente aberta para saber que, em algum lugar escondido de meu inconsciente, aquela obsessão pelo beber destrutivo sempre estará lá. Ela fica ali, escondida, a espera de um deslize, de um momento em que posso fechar meus olhos para os defeitos de caráter que tenho de trabalhar.

O que chamo de ponto de equilíbrio chegou após receber a ficha de três meses de abstinência, no meu caso, acredito que de sobriedade também. Foi quando parei de tomar medicação e a sensação de paz e de controle sobreveio com ainda mais firmeza. Porém, a menos de uma semana dos meus seis meses, percebo ao fazer diariamente o 11º Passo (Procuramos, através da prece e da meditação, melhorar nosso contato consciente com Deus, na forma em que O concebíamos, rogando apenas o conhecimento de Sua vontade em relação a nós, e forças para realizar essa vontade), que o caminho ainda é longo e que ainda cometo deslizes de comportamento que, mesmo mínimos, podem ser as sementes de um desvio desastroso. Nesses momentos é que fortaleço minha boa vontade e, algumas vezes, uso também de força de vontade para clarear o caminho e manter o trem nos trilhos.

Tem uma frase de que gosto muito que diz: “nossas responsabilidades são do tamanho de nossos privilégios”. Acredito que é justamente nisso que devemos pensar quando vivemos no ponto de equilíbrio. Certamente que viveremos momentos plenos, haverá tempo em que lamentaremos os momentos mágicos perdidos, mas penso que viver no ponto de equilíbrio é bem mais assustador. Tudo normal, vida normal. Contas para pagar, trabalho por fazer, estudo e meditação, filhos para dar e receber carinho, descansar, se divertir, ser feliz. Isso tudo (e mais um pouco) são privilégios que devemos manter sendo responsáveis com nossa recuperação.

E somos responsáveis com nossa recuperação quando refizemos diariamente o Primeiro Passo, não só admitindo nossa impotência perante o álcool, mas também que nossas vidas são ingovernáveis. Então, por consequência nos obrigamos a dar o Segundo e o Terceiro, vindo a acreditar em um Poder Superior e entregando nossa vida e nossa vontade em suas mãos. Somos responsáveis quando nos colocamos dispostos, diariamente, a seguir o programa de Doze Passos de A.A. E então seguimos na dádiva do ponto de equilíbrio. Para encerrar, lembro de uma outra frase, esta de Albert Einstein: “A vida é como andar de bicicleta: para estar em equilíbrio você deve se manter em movimento”.

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Abdique sua atitude egoica

20 sexta-feira mar 2015

Posted by Alcoólico em paz in Cotidiano

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Abandono, Amor incondicional, Apego, Ego, Egoísta, Egocêntrico, Egoismo, Emoção, Emoções, Evolução, Felicidade, Hipocrisia, Honestidade, Humildade, Ilusão, Ilusões, Individuação, Insegurança, Jung, Liberdade, Libertação, Mente Aberta, Narcisismo, Natthalia Paccola, Prazer, Razão, Recuperação, Reflexão, Responsabilidade, Self, Sentimentos, Terapia, Verdade

Acredito que o grande problema da vida é assumir o que somos, o que queremos e sobretudo aquilo que não sentimos. Na individuação, termo de Jung, aprendemos que cada pessoa é única, sem divisões, entretanto busca incessantemente completar suas desarmonias em tudo que está fora de si, naquilo que lhe faz bem ou simplesmente, em objetos.

Este objeto pode ser uma roupa nova, calçados, viagens, comidas, homens, dentre inúmeros outros que lhe garantam momentos de homeostase. Eleito um desses objetos como fonte de felicidade, faz-se um investimento, sempre para garantir ganhos afetivos (primários) ou materiais (secundários).

Resumindo, toda vez que você coloca suas provisões fora de você mesmo, você estará apenas trocando a mosca, pois, com o perdão da palavra, a merda continuará a mesma. Acredite, o ego só tem um atributo: a razão, até mesmo a emoção é controlada pela razão; tentar buscar pelas próprias mãos o prazer de ser feliz, é utilizar o ego que avalia e fazer bom uso do ego que sente.

Não se ofenda se até aqui as palavras parecem confusas, no dia em que você deixar de acreditar que perdeu algo aprenderá que só perdemos aquilo que achamos que temos e nós não temos nada além do nosso Self. Só teremos tudo o dia em que não nos apegarmos a nada. Essa felicidade tão almejada tem de ser intrínseca pela estrutura do amor.

Quebrar qualquer ilusão, como ter de casar, ter filhos, ter uma casa, bom emprego, é trabalhoso. Por conta dessas ilusões as pessoas estão clivadas, divididas entre aquilo que é empático e o que é egocêntrico. Transferir a responsabilidade pela sua vida para outra pessoa é uma atitude egoísta, a grande conquista é a si mesmo.

Abdique sua atitude egoica, precisamos parar de contar mentiras para nós mesmos, abandonando as inseguranças e as cobranças por reconhecimento. O universo providencia todos os dias instrumentos para sua felicidade. Permita-se ser amado e ajudado. A pessoa que não aceita ser amada está na contramão do Self.

Se você está sofrendo, dê um basta ou continuará sofrendo. Só existe uma verdade: o amor incondicional, sem esperar nada, sem expectativas. Se você ainda espera uma atitude do outro é porque está sendo hipócrita. A hipocrisia é a pior atitude que podemos ter, mais uma vez estamos clivados através dos ganhos que temos na vida.

As vezes a pessoa está tão apoiada nessas mentiras que nem mesmo em terapia conseguirá se libertar, a hipocrisia lhe serve como muleta. Tirar essa muleta em consultório não é caridade, é arrancar a única coisa que lhe sustenta. Um árduo e belo trabalho de individuação está premente, somente através das elaborações desses conflitos internos a paz começará a parecer.

Ninguém evolui sem aprender, sem enfrentar. A verdade que construímos não pode ser diferente da verdade absoluta e você só vive essa verdade absoluta quando deixa de sofrer e você só deixa de sofrer quando se liberta das provisões narcísicas e somente se liberta das provisões narcísicas quando se permite amar e ser amado.

Reflita e reaja: “remendo novo não cabe em roupa velha”.


Fonte: Natthalia Paccola, psicanalista.

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Precisamos cuidar de nossa criança interior

19 quinta-feira mar 2015

Posted by Alcoólico em paz in Al-anon e Alateen, Ciência, Cotidiano, Experiências pessoais

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Caráter, Competências, Confiança, Consultores, Controle, Criança, Criança interior, Desafios, Desconforto, Dificuldades, Disciplina, Emoções, Enfrentamento, Erros, Estratégia, Exemplo, Ferramentas, Ferramentas Espirituais, Gratidão, Habilidades, Independência, Medos, Mentalmente fortes, Mente Aberta, Negatividade, Paternidade, Positividade, Potencial, Profissionais, Psicologia, Psiquiatria, Recuperação, Resiliência, Responsabilidade

O alcoolismo, assim como dependência química de outras drogas, tem como característica ser uma doença de pessoas que têm problemas com suas crianças interiores. Certa vez, um psicanalista me disse que eu deveria “ser pai de mim mesmo” e começar a me amar realmente. O próprio programa de Alcoólicos Anônimos incentiva a adoção de um padrinho para ajudar na caminhada…

Bem, o fato é que acredito ser de suma importância nossa reflexão sobre nossas angústias, principalmente aquelas que sentimos desde a infância. Acredito que muitos de nós poderíamos estar mais bem firmes em recuperação se tivéssemos vivido nossa infância de forma diferente. E isso não sou apenas eu, um leigo em psicologia, psiquiatria, etc. que falo, são profissionais da área e também consultores especialistas em dependência química.

Pois encontrei um artigo simples e direto que pode nos ajudar. Ele é dedicado a pais que estão criando seus filhos. Podemos (devemos) usar essas dicas para nos orientar na caminhada da recuperação cuidando de nossas crianças interiores.

Segue:

10 dicas para criar filhos mentalmente fortes

Crianças mentalmente fortes estão preparados para os desafios do mundo. Elas são capazes de resolver problemas de forma produtiva, se recuperar de frustrações de forma eficaz, e lidar com as dificuldades com competência. Ajudar seus filhos a construir força mental é equipá-los com a ferramenta necessária para lidar melhor com os desafios da vida – tanto grandes quanto pequenos. Crianças mentalmente fortes não reprimem suas emoções. Elas também não se tornam teimosas ou tratam os outros de maneira rude. Em vez disso, desenvolver a força mental se trata de construir resiliência e ajudar a criança a ter a confiança necessária para atingir seu pleno potencial.

Ajudar as crianças a desenvolverem força mental exige uma abordagem em três vertentes: ensina-los a substituir pensamentos negativos por pensamentos mais realistas, ajudando-os a aprender a controlar suas emoções para que suas emoções não os controlem e mostrar-lhes como se comportar de forma produtiva, apesar das circunstâncias.

Existem várias estratégias de paternidade, técnicas de disciplina, e ferramentas de ensino que podem ajudar as crianças a crescerem mais fortes. Aqui estão 10 estratégias para ajudar seu filho a construir a força mental:

1. Ensinar habilidades específicas

A disciplina não é uma questão sobre como punir, mas de como ensinar. Olhe para o mau comportamento do seu filho como uma oportunidade para ensinar-lhe habilidades específicas, tais como resolução de problemas, controle dos impulsos, e habilidades de auto-disciplina. Essas habilidades vão ajudar seu filho a se comportar de forma produtiva, mesmo quando ele estiver diante de circunstâncias difíceis.

2. Deixe seu filho cometer erros

Permita que seu filho aprenda algumas lições de vida importantes por seus próprios erros. Ensine seu filho que os erros fazem parte do processo de aprendizagem para que ele não se sinta humilhado, ou envergonhado, para tentar de novo. Permita as conseqüências naturais quando for seguro fazê-lo e fale sobre como é possível evitar cair no mesmo da próxima vez.

3. Acalme a negatividade

É difícil para as crianças se sentirem mentalmente fortes quando estão sendo bombardeadas com humilhações ou quando estão antecipando alguma desgraça. Ensine seu filho a silenciar a negatividade e pensar de forma mais realista. Olhando para os obstáculos inevitáveis da vida de forma realista, mas otimista, ajuda as crianças a se sentirem mais seguras.

4. Ajude seu filho a enfrentar seus medos

Se o seu filho evita coisas que são assustadoras, ele nunca vai ter a oportunidade de ganhar confiança em sua capacidade de lidar com o estresse. Se seu filho tem medo do escuro, ou não quer desafiar a si mesmo para tentar coisas novas, ajude seu filho a enfrentar seus medos. Quando as crianças enfrentam seus medos com sucesso, ganham confiança para sair de suas zonas de conforto e crescerem mais fortes.

5. Permita que seu filho se sinta desconfortável

Embora possa ser tentador ajudar uma criança em dificuldades, resgatando-a da angústia só irá reforçar a ela que ela é impotente. Se seu filho estiver se sentindo frustrado com o seu dever de matemática, ou estiver com dificuldades para resolver uma discussão com um amigo, deixe-a experienciar algum desconforto e lhe dê a oportunidade para resolver o problema de forma independente. As crianças podem construir a força mental com sucesso aprendendo que podem lidar com suas emoções.

6. Concentre-se na construção do caráter

As crianças precisam de uma bússola moral forte para ajudá-las a tomar decisões saudáveis. Trabalhe duro para incutir valores em seu filho. Crie oportunidades para dar as lições de vida que reforcem seus valores. Por exemplo, enfatize a importância da honestidade e da compaixão, em vez de ganhar a todo custo. Crianças que entendem seus valores são mais propensas a fazer escolhas saudáveis – mesmo quando os outros discordem de suas ações.

7. Faça da gratidão uma prioridade

A gratidão é um remédio maravilhoso para auto-piedade e outros maus hábitos que podem minar a capacidade do seu filho de ser mentalmente forte. Ajude seu filho a reconhecer toda a sua sorte no mundo, de modo que mesmo em seus piores dias ele possa ver que tem muitos motivos para se sentir grato. A gratidão pode melhorar o humor de uma criança e incentivar a resolução proativa de problemas.

8. Afirme responsabilidades pessoais

Construir força mental envolve aceitar a responsabilidade pessoal. Permita explicações – mas não desculpas – quando seu filho cometer um erro ou se comportar mal. Corrija o seu filho se ele tentar culpar os outros pela forma como ele pensa, se sente ou se comporta.

9. Ensine habilidades para controle das emoções

Construir força mental requer que a criança tenha uma consciência aguda de suas emoções. Não se trata de suprimir seus sentimentos, mas de escolher formas saudáveis de lidar com esses sentimentos. Ensine seu filho a lidar com emoções desconfortáveis como a raiva, a tristeza e o medo. Quando as crianças entendem seus sentimentos e sabem como lidar com eles, estarão mais preparados para lidar com os desafios.

10. Seja um modelo de força mental

Mostrar ao seu filho como ser mentalmente forte – em vez de dizer a ele – é a melhor maneira de incentivá-lo a desenvolver a força mental. Fale sobre seus objetivos pessoais e mostre ao seu filho que você está tomando medidas para crescer mais forte. Faça do auto-aperfeiçoamento uma prioridade em sua vida.


Fonte: About parenting traduzido e adaptado por Psiconlinews

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Três meses: agora consigo olhar para fora do poço

27 terça-feira jan 2015

Posted by Alcoólico em paz in AA, Al-anon e Alateen, Cotidiano, Experiências pessoais

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12 Passos, 12 Promessas, AA, Al-Anon, Alcoólicos Anônimos, Companheiros, Cuidado, Decisões, Desafios, Despertar Espiritual, Doze Promessas, Família, Fé, Ficha, Fundo de poço, Gratidão, Poder Superior, Promessas, Responsabilidade, Serenidade, Sobriedade, Troca de ficha

Hoje, pela primeira vez nesses últimos 10 anos de luta contra o alcoolismo, chego a três meses de sobriedade. Noventa dias se passaram desde meu despertar espiritual e acredito que agora consegui colocar a cabeça para fora do poço no qual eu estava metido. A paisagem é inacreditavelmente nova e conhecida ao mesmo tempo. As coisas que vejo são as mesmas, mas a perspectiva é completamente diferente. Não estou com medo nem ansioso. Sinto-me protegido pelo meu Poder Superior, pelos meus companheiros e pela obra divina de Alcoólicos Anônimos. Mas sei que a responsabilidade é toda minha. Agora tenho poder para tomar decisões e isso sim é que deve ser encarado com todo o cuidado do mundo. Dessas decisões depende a minha vida e a felicidade da minha família e de todos aqueles que me amam, daqueles que não me abandonaram e que até mudaram suas vidas para me apoiar. A eles serei eternamente grato.

Reitero que, graças ao meu despertar espiritual, não senti vontade de beber em nenhum momento nesses três meses. Mas também confesso que estou quase sem unhas por escalar as paredes desse poço escuro. Não foi fácil compreender as tarefas, encarar as muitas mudanças, suportar os desafios que só foram vencidos porque aceitei as sugestões do programa de A.A. e procurei ter mente aberta e humildade para rogar a Deus a boa vontade necessária para chegar até aqui.

E se cheguei até aqui, é porque confiei também na primeira, das 12 Promessas de A.A.: “Se formos cuidadosos nesta fase de nosso desenvolvimento, ficaremos surpresos antes de chegar à metade do caminho”. E nela salta-me aos olhos e ao coração a palavra “cuidadosos”. Ser cuidadoso e disciplinado é uma das coisas que mais me ajudou nessa escalada. E também por isso sou grato principalmente aos meus mestres Ingo e José Pedro que com sabedoria e compaixão estiveram ao meu lado explicando o que para mim era totalmente incompreensível. Foram eles que me fizeram acreditar na quarta promessa: “Compreenderemos o significado da palavra serenidade e conheceremos a paz”.

Hoje à noite, minha esposa e minha filhinha me entregarão uma ficha azul, a minha permissão para colocar as mãos na borda do poço e dar o impulso para fora. E novamente tenho de dizer que sou grato. Agradeço à minha esposa por enfrentar o desafio de me ajudar da forma correta, sem assumir minhas responsabilidades, de “tomar a firme resolução de não superproteger” (1), de praticar o desligamento com amor sugerido em Al-Anon, “respeitando a si mesmo e estabelecendo limites” (2). Ela conseguiu entender que não tem responsabilidade pelo meu alcoolismo, que, dolorosamente, entendeu que nada podia fazer para eu parar de beber e que me entregou ao Poder Superior e aos meus companheiros de A.A. para que eu entendesse, no meu fundo de poço mental, espiritual e físico, que eu não podia lutar sozinho, e que não era dever dela fazer as tarefas que cabiam a mim. Só Deus sabe como sou grato a isso.

Pois bem. Sigo agora, ainda meio ofuscado pela luz de fora do poço, para um novo modo de vida que já começou. Para encarar a série de novas tarefas para ter uma vida familiar feliz. Ainda meio sem jeito, parto para agora organizar minha vida com confiança e criar um clima emocional melhor em meu lar. Para isso, confio novamente na obra divina de A.A., principalmente na 11ª e na 12ª promessas: “Saberemos, intuitivamente, como lidar com situações que costumavam nos desconcertar” e “Perceberemos, de repente, que Deus está fazendo por nós o que não conseguíamos fazer sozinhos”.

Novamente, muito obrigado a todos que me ajudam. Tenham fé. Minha vida realmente foi modificada.


  1. Grupos Familiares Al-Anon. 12ª edição, pág. 9.
  2. Abrindo Nossos Corações, Transformando Nossas Perdas. 2ª ed., pág. 37.

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O primeiro dia do ano

01 quinta-feira jan 2015

Posted by Alcoólico em paz in AA, Al-anon e Alateen, Cotidiano, Experiências pessoais

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11º Passo, 1º Passo, 3º Passo, Aceitação, Alcoólicos Anônimos, Alcool, Alcoolismo, Ano Novo, Auto-piedade, Autopiedade, Boa Vontade, Celebração, Décimo Primeiro Passo, Despertar Espiritual, Fé, Felicidade, Honestidade, Horror, Humildade, Poder Superior, Primeiro Passo, Responsabilidade, Reveillon, Serenidade, Terceiro Passo, Tragédia

O ano acaba de começar. Ou melhor, 2015 se iniciou. Para mim, mais do que um ano, mas uma nova vida teve início há 63 dias, quando tive meu despertar espiritual. Depois de 22 anos de sofrimento em função do alcoolismo, dos últimos 10 anos de horror, e ainda dos últimos quatro ou cinco anos de tentativas de parar de beber e de internações, sobreveio a paz. E desde então ferramentas espirituais como a gratidão, a humildade, a honestidade e a boa vontade precisam ser usadas diariamente sob o risco de eu sucumbir.

Parece trágico demais, meio exagerado, mas não é. Assumi uma responsabilidade comigo mesmo e com meu Deus. E essa responsabilidade exige de mim o mínimo de respeito. Sim, respeito pela minha vida e pela paz das pessoas que me amam. Sou grato, em especial à noite, antes de dormir, pelo dia em sobriedade, seja ele como for. Costuma-se ouvir em Alcoólicos Anônimos que não trocamos o nosso melhor dia na ativa pelo pior dia sóbrios. Ao acordar, preciso exercitar no mínimo a humildade e a aceitação. Necessito aceitar que há um Poder Superior a mim mesmo que pode me conduzir à sanidade e ser humilde o suficiente para rogar a ele que me permita mais serenas 24 horas. Rogo a Ele “apenas o conhecimento de sua vontade e forças para realizá-la”. Então, durante o meu dia, preciso ser merecedor, ser honesto comigo mesmo. Pois quando fiz meu Terceiro Passo, entreguei não somente minha vida, mas minha vontade ao meu Poder Superior. E sei bem que a vontade dele é minha felicidade e preciso de lucidez para trilhar esse caminho. No mais, o que vier pela frente deve ser encarado com fé e boa vontade.

Confesso que nessas poucas porções de 24 horas em que me encontro em sobriedade nem tudo foi sereno. Tive várias tarefas incomuns, minha vida virou de pernas para o ar, muitas coisas não saíram como o planejado, sem contar as inimagináveis. Momentos em que precisei juntar as mãos, aproximá-las do rosto e, entre uma lágrima e outra, respirar fundo. Mas relato isso apenas porque ocorreu mesmo, sem autopiedade. Meus problemas não são maiores nem menores do que os dos outros. E o uso do álcool não representa solução para eles. Ao contrário, sempre piorou tudo. E veja lá que piorar nem é bem o verbo adequado. Deve existir um verbo mais pesado que não me ocorre agora.

O uso doentio do álcool foi a tragédia de minha vida. Pior ainda, tragédia da vida das pessoas que me amam. E continuará sendo, mesmo estando eu em sobriedade e praticando minha recuperação com fervor e responsabilidade. Mesmo depois que se fecharem algumas feridas, ficarão cicatrizes. Mesmo quem não sofreu com o horror da minha ativa ainda poderá notar um homem com queloides, com vestígios de um ladrão de sorrisos.

Pois bem, mas Deus colocou meus olhos vidados para frente. E é o dia de hoje que importa. Por acaso, o primeiro dia do ano. Alguns poucos estão agradecendo as dádivas dos últimos 365 que passaram. Muitos celebram a chegada de um novo ano. Para mim, ano novo só daqui a 302 dias, quando terei completado verdadeiramente um ano. Mas isso não importa. Estou feliz é por este dia mais do que especial que tenho a graça de passar, sóbrio e honrado, ao lado de quem amo.

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